MEGALITO
Um dia serei um megalito.
Não sei porque é que esta palavra
desenhada claramente
numa grande planície deserta
se insinuou nos meus olhos.
Sei apenas que um dia serei um megalito
vestido de musgo e brumas.
Um megalito pautando
uma vasta paisagem musical.
Um megalito
tocado pelo vento e pela ideia.
Juntarei então em meu redor
amigos
mulher e filhos
no grande baile das folhas
que se vão chegando
à terra.
(José Fanha; Tempo azul, Campo das Letras - Editores S.A.,2002)
Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
- Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.
E começa a chorar.
A professora, furiosa, diz-lhe:
Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
- Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele
respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:
- Bem, ele não costuma ser mentiroso, se diz que não foi ele, é porque
não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na
passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:
- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os
Lusíadas'...respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a
chorar.
O comandante do posto:
- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto' e vai ver
que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido
sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:
- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os
Lusíadas'. Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a
chorar. O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da
G.N.R. quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de eu fazer a isto?
O marido, confortando-a:
- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se
calhar foste tu e já não te lembras...!
(Autor desconhecido. Recebida por e-mail de Laureano Soares, conterrâneo e amigo)
A publicação do post “Presença” http://nasciaqui-sobraldesaomiguel.blogspot.com/2009/05/presenca.htmlServiu de mote a Laureano Soares, poeta, conterrâneo e amigo, para mais um dos seus poemas que partilho convosco: Para lá daquela porta
« Havia um coração grande
Para lá daquela porta »
Onde ânsias e aspirações
Se viviam noite e dia
E no Inverno se sentia
Vindo das fendas da porta
O frio que gela e corta.
E num só, dois corações
Para lá daquela porta
Comiam nabos da horta
Aquecendo-se à lareira
Iam nutrindo ilusões.
E nos sulcos das ombreiras
Dessa linda porta antiga
Deixaram bem esculpida
P’ras vindouras gerações
Uma riqueza de outrora
Que é lentamente esquecida.
Essa porta abandonada
Que linda ! Se restaurada
P’ra testemunho e louvor
Às mãos que com tanto amor
Por elas foi cinzelada.
Para lá daquela porta…
Viveram dois corações
Deram amor, deram vida
A futuras gerações.
(Laureano Soares)