quarta-feira, 28 de março de 2012

Sobralândia

Perto da Sobralândia havia uma Terra, onde há muito tempo não chovia. Uma espécie de Terra do nunca. As plantas não cresciam. Os vegetais recusavam-se a verdejar. As roseiras não floriam. As fontes secavam. E os seus habitantes não sorriam. Já raramente olhavam o céu azul. E quando raramente apareciam nuvens, umas brancas, outras, escuras, interrogavam-se sobre quais seriam as aguadeiras.  Os dias passavam e nada. Todos eles, os habitantes, sabiam da sua existência, mas nunca tinham visto o Mar. Um Mar, grande e longínquo, onde se supunha que as nuvens bebessem. Não chovia, Por quê? seria a culpa do mar? Seria das nuvens? Ou daqueles que sujavam a água do Mar? Em busca de solução, convenceram o maioral a reunir com os sábios. E os sábios não sabiam e dos almanaques, mesmo o “Borda d’Água” não dizia coisa com coisa. Às páginas tantas, decidiram enviar um batedor ao cimo dos montes para ver, para lá do horizonte, se havia nuvens brancas ou escuras. Os sábios gostavam mais das nuvens escuras. E o homem foi e trouxe um sorriso: Tinha visto nuvens escuras, quase pretas. Os sábios também sorriram e foram de imediato falar com o Padre Henrique, no sentido der se organizar uma procissão para implorar a tão desejada chuva. O Pároco, com base na religiosidade e humildade daquele povo, aprovou e marcou a procissão, dada a urgência da situação, para o dia seguinte, pela manhã e disse aos sábios que convocassem todos os habitantes para o evento.  
E naquela manhã, todo o povo compareceu. Iniciada a procissão que percorreria o itinerário habitual pelas ruas principais da Terra. O Pároco, com os seus mais directos colaboradores no princípio, meio, e no fim da procissão começou a ladainha: Suplicando a Deus, a Todos os Santos e principalmente à Nossa Senhora de Fátima, que ouvissem as preces daqueles fiéis que na sua humildade ali estavam presentes, como testemunho da sua fé, rogando que chovesse:

- Nosso Senhor, mandai-nos água… E a meia voz, ouviu-se a Sra. Carolina (uma simpática velhinha, com um lenço preto a esconder-lhe os cabelos brancos):
- E a mim vinhinho, água tenho eu, no meio barroquinho (1).
- Nosso Senhor,  mandai-nos água …
 - E a mim vinhinho, água tenho eu, no meu barroquinho.
A ladainha repetia-se e… a Sra. Carolina também repetia a sua. Até que o Sr. Augusto Inácio (o ancião da aldeia), já cansado e perturbado lhe disse:
- Cala-te Carolina, não sabes o que dizes.
- Cale-se vossemecê: Cada um pede do que gosta… Se gosta de água, eu gosto de vinho.
E a procissão lá seguiu a caminho do Adro, sempre com a mesma ladainha de ambas as partes. Quando o Pároco no auge da súplica, em uníssono com os participantes, elevando a voz fervorosamente implorou:
- Nossa Senhora de Fátima, aumentai a nossa fé!
Ouviu-se a Sra. Carolina, ainda com mais fervor, num sussurro que era quase um grito:
- Nossa senhora de Fátima,  aumentai as nossas “féses”(2).
[(1) e (2) frases do anedotário popular]

sexta-feira, 23 de março de 2012

OS "MEUS" PINTASSILGOS COMEÇARAM A NAMORAR!


Os "meus" pintassilgos começaram a namorar...

sexta-feira, 2 de março de 2012

E esta, heim!?

(Penha Garcia, 26-02-2012)

Entrada livre:
Porta fechada   Assim, se bate com o nariz na porta...