domingo, 7 de junho de 2015

Outrora, as minhas Janelas

(Pousada das Penhas da Saúde)

As minhas Janelas
(Foto roubada na net)


Outrora, as minhas Janelas

(Um dia daqueles de Junho (2014), em que o Sol quase nos fazia comprar a sombra, subi às Penhas da Saúde, ou melhor… subiram-me: mão amiga, em busca dum passado que teima em achar-se presente. E lá estavam elas…, qual fénix renascida, reinventadas por Souto Moura: “As minhas janelas”.)

Não, não eram as de Maluda, nem tão-pouco, foram pintadas com as corres de Cézanne. As minhas janelas, correspondiam, aos quartos 215, 216 e 217 (a contar da direita para a esquerda). Eram de cor branca e por força dos anos o esmalte começava a descascar deixando no meu olhar a madeira de castanheiro. Pelos seus pequenos vidros que embaciavam muitas vezes com o bafo saído do meu nariz, olhava o meu Universo (e lá longe quase no fim do horizonte, Terra que diziam ser de Espanha). E olhava, olhava sempre. Ali, pertelinho, tinha o pinhal. O pinhal cobria toda aquela encosta e terminava lá em baixo, nos arrabaldes da cidade. As galenas e aparelhos de rádio tinham nos pinheiros, mais altos, um pouso adequado para as suas antenas tendo a outra extremidade presa às argolas de ferro que pendiam da extensa cornija que encimava o edifício entre o segundo e terceiro andares. No Inverno, rigoroso, as estalactites de gelo pendentes no beirado fugiam àquele olhar, mas as pendentes na cornija levavam-me à admiração e forçavam-me a recordar os caramelos de gelo da Ribeira do Porssim que acariciava o meu quase longínquo Sobral. E daquele Universo fazia parte o homem de estatura baixa e forte, com um fato acinzentado de tecido grosso dado pelo Sanatório e que junto do pequeno lago, onde havia peixes vermelhos, apanhava beatas. Sim, aquele homem munido duma pequena vara com um aguilhão na ponta apanhava beatas. Restos de cigarros havia muitos, naquele tempo acreditava-se que fumar contribuía para cura da doença. E o homem que seria o mais pobre dos pobres diariamente colhia do chão a dose de que precisava. Com a vara na mão direita picava a beata e num movimento rápido, como se envergonhasse, guardava-a no seu bolso esquerdo.

O homem que apanhava beatas, além de fumar, escrevia. Fumava e escrevia. Muito. Enchia cadernos de linhas que depositava numa caixa de papelão que as irmãs-freiras lhe tinham dado depois de utilizados os frascos de P.A.S. e da hidrazida, medicamentos utilizados no combate à tuberculose. Não mostrava o que escrevia e eu também não tinha curiosidade em saber. Mas, entre dentes lá ia resmungando que o Diário Popular, ou seria o Século, de vez em quando, lhe pagava meio conto. O tempo foi passando e o homem, apesar de fumar muito, curou-se! Com o “papelinho” que dizia “clinicamente curado” na mão, ficou mais triste que feliz. Os seus cadernos eram o seu maior tesouro. Folheou todos os cadernos e arrumou-os melhor na caixa de papelão. No dia da saída, chamou a irmã-freira Pietra e disse-lhe: Irmã, não tenho condições para levar esta caixa para Lisboa. Não tenho casa nem família e também não sei quando um dia virei buscá-la, mas virei, disse convicto. Até lá, peço-lhe que me guarde estes pedaços da minha vida, até um dia… Arrumou-se o caixote em cima do guarda-fatos e os dias foram passando lentamente, muito lentamente! No calendário da parede, os meses foram-se rasgando, até que chegou também o dia da minha saída, não clinicamente curado, mas em trânsito para o D. Carlos I (hoje Pulido Valente), para ser operado. Ao sair daquele quarto o meu último olhar foi para aquele caixote que ali continuava, até um dia...

António Pinto

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Sem pó, nem teias de aranha!

Esquecidas durante 37 anos, no meio de Jornais velhos de colecção guardados religiosamente pelo seu conteúdo, estas fotografias que publico, estiveram mais 20 anos, "sem ver a luz do dia".
Foram achadas quando tive de fazer a limpeza da minha casa por força da sua venda ao Ti João Romão em 1994. Referem-se à inauguração da Escola em 9 de Junho de 1957.

Uma outra, refere-se à inauguração do Salão (feito pelo povo do Sobral) chamado de Paroquial, sem o ser.















Inauguração do Salão -  Edifício de dois pisos : Um para sala de espectáculos outro para o Posto Medico 
 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

25 DE ABRIL

                                                   (roubado na Net)

sábado, 15 de março de 2014

SAUDADE...

Março de 1909/ Março de 1994




E sei, pai, que gostarias desta nova forma de comunicar: