segunda-feira, 25 de outubro de 2010

M

Lavaste a roupa, lavaste a louça, adormeceste e Cresceste!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AFINAL...

Afinal... havia outra!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

TUDO O QUE TE DISSER

[Poema de Manual António Pina Ciclo - Na cidade da Guarda em (16/22) Janeiro de 2010]

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A VINDIMA

(Olhamos) (Começamos) (Enquanto o vinho não vem... uma cervejinha) (Pelas 11 horas, a dejejua) (Acabamos, depois de vindimar também a divina feijoada servida ao almoço.) A VINDIMA

2010,

(Setembro, 18)

O Sol acordou mais cedo. Então, eu fui e (já) não vi o orvalho. Do orvalho guardo os sabores do romper das manhãs, claras e serenas, das gotas que escorregavam da maçã, ao lado do pão duro – centeio molhado. A dureza do pão era de oito dias. Havia de haver mais dias, mais pão duro, mais orvalho. E mais manhãs a deixarem-me agarrado, numa doce sonolência, que acabava quando alguém (havia sempre alguém): “Levanta-te, são horas, olha as cabras no curral”. Fui e cheguei lá, à vindima. O Sol ia alto. Alto? Sim. Alto. Ou melhor, assim-assim. Ou não havia pressa, ou não havia, assim, tantas uvas como isso. E por isso, todos juntos começamos a cortar, com jeito, as uvas. Uvas? Ou serão cachos, ou gachos. Não! Ali, certamente, eram uvas. É que eram mesmo as uvas… da Maria José ou do Paulo? Oh! Já não sei. Bem, o Paulo é que vai beber o vinho. O Paulo? E a Maria José? A Maria José também.

(Setembro,19)

Via e ouvia-se o fervilhar do mosto, a cheirar a mosto: no ar.

(Setembro 24)

O vinho entrou em estágio, em cuba (uma modernice). Ainda, sussurra baixinho. Que hiberne bem, por Dionísio!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ESTE QUASE... É QUASE VINDIMA!

O garoto sentia frio. Por isso, enterrou mais a gorra preta que tinha na cabeça. A guieira, nesse dia de fins de Setembro, estava ali, mesmo em cima na serra de Carvalho, com a sua molinha, o seu vento: ora suave, ora a agreste, mas sempre gelado. E logo, nesse dia, que o garoto, para se armar em forte, além das calças só tinha vestido uma camisa já muito ruçada. Estava ao pé duma videira bastarda e o seu avô, João, nunca mais vinha. E a ocasião para comer um cacho tardava. Aquela videira era a única onde o garoto tinha toda a liberdade de tocar. Nas outras, de casta tinta-fina, não. Estas eram somente para fazer vinho. Esta era a regra. E não podia ser quebrada e… logo nesse dia que o avô andava por perto. Pacientemente esperava. Entretanto, o seu avô chegou. Trazia uma bolsa de linho, com pão centeio e um bocado de presunto. Chegou todo contente. E dizia que os cachos estavam maduros e que por isso dariam uma boa cor ao vinho quando os juntasse com os Mortágua da Fojasteira. Também se queixava de ter as mãos leseas. A culpa era do raio do cabo da sacha que estava limado pelo uso e mãos suadas, muitas mãos suadas… Finalmente, comeu. Comeu primeiro um cacho, bago a bago, com o centeio e lentamente… ia pensando no presunto.

O pai, João, filho do seu avô, João, ficara em casa, na loja, a preparar o vasilhame para a vindima. Aquela loja velha e escura era um mundo… um mundo velho: As paredes nuas e negras. Havia teias de aranha, é certo. Mas, também havia coisas boas, muito boas: O pote do mel, o pode das chouriças, o pote dos queijos, os potes da aguardente, as arcas da farinha, a salgadeira e, finalmente, a dorna e as pipas. Estas durante uns dias foram repetidamente molhadas com água da fonte para incharem. Quando o garoto, a quem chamavam Tonito, chegou, João, tinha ensebado a dorna, a pipa grande – 40 almudes, e a pipa pequena. E preparava-se para entrar na pipa maior para lhe esfregar em toda a superfície interior pedaços de marmelos que tinha numa bacia, sem molestar o tarro da pipa. O tarro da pipa era importante para fazer bom vinho. E com os marmelos ficaria um sabor frutado, dizia. A vindima, aproximava-se, estava quase!

De seguida, foram, os três homens, almoçar: Bucho. Feijão encarnado com couves, tudo bem regadinho com azeite. O garoto, Tonito, já não sentia frio. Teve direito a meio copo de vinho!