segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Este Natal….

Fui pelo Natal. Estava lá tudo… Só faltava a maçã. A família, a aldeia, o presépio, o Menino, a fogueira. Viva e imponente nos seus cinco cepos da sobreira que caiu na Horta ao pé do Ribeirinho que nasce no Casal da Pires. São 7h e 35 m da manhã e estou só, ali ao pé da fogueira. As chaminés mal começam a fumegar. A aldeia acorda lentamente. Caminho até à Ponte. Ninguém. Continuo até à Lage e volto. Ninguém. Da ribeira, ao lado, nem murmúrio se ouve. Estou ao pé da fogueira. Ali, no Adro. Ninguém. Olho uma ténue coluna de fumo que se esfuma no ar. Os troncos antes incandescentes estão agora amodorrados e uma ligeira camada de cinza esbranquiçada cobre o lume que se adivinha vivo. Por instantes, fecho os olhos para ver outros Natais! …soube-me bem.

domingo, 23 de dezembro de 2007

NATAL!...


Naquele tempo, o meu Natal era uma maçã.
Das grandes: Malápia e amarela. Esta maçã e as outras vindas da macieira do Fojo que estava perto do castanheiro e da presa, de donde bebiam, conservavam-se sobre uma camada de palha de centeio e o seu cheiro enchia aquela canto da casa com paredes forradas de jornais.
No dia de Natal, escolhia a maior, a mais bonita e metia-a no bolso direito as calças. Saia de casa, ao toque do sino, subia a quelha, as escadas do Ti-Zé Rito do Adro e encontrava, logo ali, a fogueira de Natal, onde ardiam cepos de sobreira. Ao toque da Missa, entrava na Igreja e quedava-me perto do presépio feito com musgo das Vergadas e dos Torgais. Na hora de beijar o Menino Jesus afagava ternamente a maçã e colocava-a na sua cesta, onde já havia outras maçãs e também laranjas!
Naquele temp(l)o, o Menino Jesus gostava muito de maçãs e de laranjas. E eu tinha a certeza que Ele sabia que a minha maçã era a mais doce. Ao sair da Igreja já só pensava nas filhós e no arroz doce…

sábado, 15 de dezembro de 2007

Chiu! Que é isto?

Chiu! Que é isto?

Há três ou 4 anos, que na troca de mensagens de Natal, leio e ouço: “Um Santo Natal (…)” ou “Um Feliz e Santo Natal(…)”.

E hoje na Rádio Renascença, pela manhã, lá ouvi: Desejamos a todos “Um Santo e Feliz Natal” e, em vez de dormitar, interroguei-me: O Natal em si não encerra já santidade? Não é a festa relativa ao nascimento de Jesus Cristo, Filho de Deus?
- Haverá necessidade de “pleonasmar” o NATAL?

Inquéritos Pombalinos - Continuação





B - CÔNGRUA


Quatro dos curas não prestaram informações sobre os seus rendimentos, remetendo para o prior que os apresentara, responsável pelo seu pagamento.
Com excepção de dois casos em que se completava com produtos da terra (Boidobra, onde recebia 15 alqueires de centeio, 2 de trigo e 2 almudes de vinho; Casegas, com 16,5 alqueires de centeio, 22 de trigo, 2 almudes de vinho, 24 arráteis de cera e um de incenso), a côngrua era paga em numerário, dependente dos rendimentos da igreja. O valor acrescia com o pé de altar, ou seja, o dinheiro que advinha dos baptismos, casamentos e óbitos.
Não se pense que sobraria muito dinheiro. O prior de S. João Mártir queixa-se que, depois de retiradas as despesas da igreja e côngruas das filiais do Dominguiso e Alcaria, pouco restava para seu sustento.
O prior de Stª Maria Madalena tinha de pagar uma pensão de oitenta mil reis a Manuel Henriques da Silva.
O rendimento de S. João do Hospital (500 000 reis) revertia para o comendador de Malta que era obrigado a pagar a côngrua do cura da igreja e outros da mesma comenda.
Curas há cuja côngrua era ajustada com o prior. Assim os curas da Erada e Unhais contratavam com o prior do Paúl. O primeiro ganhava 15 a 20 000 reis. O segundo juntava nove mil reis de pé de altar aos minguados 15000 reis que o prior lhe esportulava.
Os dízimos do Teixoso são divididos em três partes, ficando uma para o Cabido e outra ao comendador Francisco da Silva de Macedo. Da sua terça parte o prior pagava um quarto à Sé Patriarcal.

C - IGREJAS E CAPELAS

A maioria das igrejas concelhias possuía uma só nave. Tinham duas naves as igrejas de Stª Maria e do Ferro. Com três naves apareciam as do Sarzedo e Teixoso.
Variavam desde a simplicidade à maior riqueza de ornatos e relíquias.
Faziam-se notar as relíquias do Stº Lenho em S. Martinho e Stª Maria, sendo estas oferta do infante D. Luís.
No Teixoso veneravam-se as de um dos Mártires de Marrocos, donativo do bispo que então pastoreava a diocese da Guarda, D. Bernardo António de Melo Osório (1742-1774).
Os altares colaterais possuíam as imagens dos santos invocados, além de outras, em vulto ou pintura. Alguns altares andavam fazendo-se de novo: os da igreja do Tortosendo, o das Almas no Teixoso, S. Brás (Paúl) e S. Miguel (S. Pedro da Covilhã).
Na igreja de S. Pedro existia a capela de S. Gonçalo pertencente ao vínculo que então administrava Filipe de Macedo Castelo Branco.
Também a igreja de S. Paulo possuía a capela de S. Martinho, que era da Câmara, administrada pelo P.e. Francisco Correia Xara de Albuquerque, prior de Verdelhos.
No Tortosendo havia uma capela particular, de Nossa Senhora dos Remédios, cujo proprietário era D. Brigida Correia, da Covilhã. Nesta povoação um seu prior antigo, Manuel Miguens do Rio, mandou edificar à sua custa a capela de Nossa Senhora dos Remédios.
O concelho estava salpicado de ermidas, aonde o povo corria em romaria, principalmente depois da Páscoa. O próprio Senado da Câmara, por vetusto voto, ia em romagem às ermidas de Nossa Senhora da Estrela e Nossa Senhora das Luzes.
O santo mais venerado era a Mãe de Jesus, cujo nome se invocava sob 25 denominações. Outra devoção popular era a do Espirito Santo, ao qual se rendia culto em doze locais distintos.
Entre os santos menos conhecidos temos S. Lopo, S. Caetano, S. Gens, S. Jacinto e S. Roque. E se o portuguesíssimo Stº António não tinha muita popularidade (quatro vezes), já o mártir S. Sebastião merece quinze citações.

Por Gabriel dos Santos

sábado, 8 de dezembro de 2007

Livros com histórias para contar e encantar…

A SIC referenciou no Primeiro Jornal do dia 5 a entrega de livros de histórias aos alunos da Escola do Sobral, por parte da Biblioteca (Itinerante) da Câmara Municipal.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

“As (minhas) mulheres de 80 anos…”




As mulheres de 80 anos sentam-se em todas as cadeiras
como se estivessem sentadas em tronos. Podem ter anéis
nos dedos, como podem ter lenços de assoar nos bolsos.

Em natais, festas de aniversário com pão-de-ló, ou em
casamentos, as mulheres de 80 anos reúnem uma
assembleia de afilhadas solteiras e explicam-lhes

que a vida é transparente e que o passado, fechado em
armários que rangem durante a noite, brilha às vezes, como
as pratas dos chocolates que entregam nas mãos das crianças.

(José Luís Peixoto, cal, Bertrand Editora, 2007)


As (minhas) mulheres de 80 anos, ainda, não tinham 80 anos
tinham 40, 50 anos. De nada.

A fadiga quebrava-lhes o corpo e à noite mal se sentavam
no tropeço adormeciam

e esperavam pelos seus homens. Da taberna
ou do fundo das Minas.

−As minhas mulheres de 80 anos estão vivas da memória e
acariciam os bancos de cortiça de arestas arredondadas pelo tempo.

Inquéritos Pombalinos (continuação)




Por Gabriel dos Santos





II - ORGANIZAÇÃO CIVIL

A - DONATÁRIOS


A maioria das povoações pertencia à Coroa, não admitindo outra autoridade além da real.
Eram de donatários particulares as freguesias seguintes:
Boidobra - da abadessa de Lorvão;
Casegas - do comendador do Castelejo, ordem de
Cristo (conde S. Vicente);
Dominguiso - do convento de Stª Cruz de Coimbra;
Sarzedo - do conde de Castelo Melhor.
Não é verdade, como informam da Covilhã, que esta vila não teve outro senhorio particular do infante D. Luís. É verdade que, que após este filho de D. Manuel I, não mais andou arredada da Coroa. Mas já o infante D. Henrique e seus herdeiros haviam possuído o senhorio da Covilhã.
Com a formação do concelho do Fundão a Covilhã viu seu reduzido substancialmente. Dilatado como fora nos primórdios da nacionalidade (ia até ao Tejo) era constituído em 1758 por:
Aldeia do Carvalho, Verdelhos, Sameiro, Aldeia do Mia-to, Aldeia do Souto, Orjais, Teixoso, Caria, Peraboa, Ferro, Boidobra, Tortosendo, Dominguiso, Peso, Pesinho, Vales, Coutada, Barco, Ourondo, Relvas, Casegas, Cebola, Sobral, Unhais-o-Velho, Erada, Trigais, Paúl, Unhais da Serra, Cortes de Baixo, Cortes de Cima, e Bouça.
Mais tarde veio a receber o Sarzedo, mas foram lhe amputadas algumas aldeias: o Sameiro, anexado a Manteigas; Caria, a Belmonte; Unhais-o-Velho, à Pampilhosa da Serra. Recentemente o Pesinho, ao ser anexado a Alcaria, passou a integrar o concelho do Fundão.

B - JUSTIÇA


A décima sexta pergunta do primeiro interrogatório era dedicada à organização judicial do concelho.
Informa a resposta da Covilhã que para esta vila apelavam em tempos antigos as circunvizinhas Seia, Manteigas, Belmonte, Idanha, Castelo Branco, Alpedrinha, Castelo Novo, S. Vicente da Beira, Sarzedas e Pampilhosa.
Como vemos, sua influência ultrapassava os extensos limites traçados no foral de 1186.
Com o decorrer dos séculos, apesar da muita luta das forças vivas covilhanenses, a sua importância territorial diminuiu e o âmbito das suas justiças decresceu, passando o povo a apelar para outros lados.
A Covilhã, integrada na Comarca da Guarda, possuía Juiz de Fora do Geral e dos Órfãos.
As aldeias, embora algumas não respondessem (Ferro e Aldeia do Carvalho) ou remetessem para o genérico «justiças da villa » (Aldeias do Mato e do Souto), tinham Juiz do Povo, a que também chamavam pedâneo Erada, Orjais, Teixoso, Tortosendo) espadano (Dominguiso, Peso, Peraboa), padano (Ourondo, ou pidano (Unhais). Em Verdelhos tomava o nome de juiz de vintena.
Orjais pormenoriza, informando que os juizes governavam com os regedores e outros homens da Ordenança, dita do Acordo. É natural que o governo das outras aldeias seguisse o mesmo modelo. Sarzedo, relicário das suas antigas liberdades, tinha juizes ordinários do cível, procurador e regedores. Só no crime se sujeitava a Valhelhas.


C - CORREIOS


As povoações da parte Norte e arredores da vila serviam-se do correio da Covilhã. As terras situadas a Sul despachavam a correspondência no Fundão.
Unicamente o Paúl mostrava indiferença no uso de um ou outro local.
No Verão o correio chegava à Covilhã ao sábado; no Inverno aparecia no domingo. Saía sexta feira com destino ao Fundão e Castelo Branco. Para a Guarda o estafeta partia às segundas feiras, regressando na quinta.


D - TERRAMOTO


Dia de Todos os Santos de 1755. Lisboa acordou ignorante da catástrofe que, não chegara a manhã a meio, lhe revolveria as entranhas e modificaria a superfície.
Acudiu-se primeiro à premente necessidade de reerguer a capital. Desejou-se, depois, saber os estragos ocorridos em todo o país. Assim se incluiu uma pergunta sobre o assunto no primeiro questionário.
Pouco se faria sentir na região covilhanense o abalo de 1755. A maioria dos párocos omitiu a resposta ou declarou não haver danos na sua freguesia.
Houve derrocadas na capela de Stª Margarida, dos Vales, e na torre maior do castelo da Covilhã. Na vila ficou em perigo de ruir a igreja de S. Bartolomeu.


E- -HOMENS ILUSTRES


Pouco ficamos a saber sobre as pessoas do concelho que sobressaíram pelas suas virtudes, saber ou arte.
Na Covilhã esquecem frei Heitor Pinto, Pêro da Covilhã, os irmãos Faleiro (Rui e Francisco), Mateus Fernandes e tantos outros, mártires no Brasil ou no longínquo Japão.
Curiosamente, só recordam, por mais recentes, pessoas cujo impacto foi menor, não ultrapassando o seu tempo. E o único motivo de glória seria as suas ligações de sangue às famílias importantes na sociedade covilhanense. É o caso dos desembargadores Miguel de Sequeira e Manuel Monteiro de Sande, ou do tenente general João Ferreira Feio.
No convento de Stº António estavam sepultados dezoito religiosos famosos pelas suas virtudes e santidade. Todavia o informante não os acha dignos de serem nomeados.
No convento de S. Francisco vivia frei António de Stª Teresa que se destacava pela sua boa literatura. Quanto aos sepultados na sua igreja salientam dois bispos. Um não oferece dúvida que seria D. Cristóvão de Castro, pastor da Sé egitaniense de 1550 a 1552, filho de um dos alcaides-mores da Covilhã.
Não pode ser verdadeira a referência aos muitos cavaleiros ali enterrados no « seculo, em que felizmente floreceo o sobredito Dom Afonço Henriques». Nesse tempo não existia o convento de S. Francisco[1].
O cura do Dominguiso refere, sem citar o nome, um graduado de capelo em Coimbra.
O cura da Erada não esqueceu o bispo de Portalegre frei Domingos Barata e seu sobrinho frei Gabriel Barata da Guerra, lente em Coimbra.
O Teixoso também marcou presença na Guerra da Sucessão de Espanha com o coronel brigadeiro Manuel Esteves Feio, o governador de Alfaiates Francisco Esteves Florido e o governador de Salvaterra, António da Costa Escudeiro que socorreu com êxito em 1712 a vila de Campo Maior.


III - ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA


A - APRESENTAÇÃO


Estando o concelho integrado no bispado da Guarda, a parte Norte constituiria o arciprestado da Covilhã e o Sul pertenceria ao do Fundão. No entanto, só os curas de Unhais e Barco referiram o seu arciprestado, Fundão.
Onze dos párocos eram apresentados pelo Padroado Real e seis pelo Ordinário.
Os conventos de Stª Cruz de Coimbra e Lorvão apresentavam, respectivamente, o prior de S. João Mártir e o cura da Boidobra. O Cabido egitaniense nomeava o prior de S. Pedro, enquanto o Comendador de Malta, frei Francisco da Silva de Macedo no período em estudo, tinha função idêntica para o cura de S. João do Hospital.
Só duas apresentações pertenciam a leigos. Em Orjais, a João Tristão e Manuel Robalo, alternadamente. E a de Verdelhos. As restantes são feitas pelos priores e vigários nas suas anexas.
O vigário de Stª Maria nomeava na sua igreja um cura (30 mil reis de côngrua), um tesoureiro (25 mil reis) e quatro ecónomos (2400 cada).
A igreja de S. Vicente tinha dois benefícios, antigos priorados. O de S. Lourenço fora empossado no P.e. Luís Paulo Bandeira pelo seu apresentante Filipe de Macedo. Tinha a côngrua de 10 mil reis. O benefício de S. Miguel, onde estava colocado Filipe da Costa, era de nomeação ordinária e rendia 30 mil reis.
[1] - S. Francisco de Assis nasceu em 1182, três anos antes da morte de D. Afonso Henriques. A regra da ordem de S. Francisco foi aprovada pelo papa Honório III a 29-11-1223

Inquéritos Pombalinos (continuação)




Por Gabriel dos Santos




essa tendência. Com a passagem do 2º quartel a curva populacional vira-se no sentido ascendente, pese, no entanto, o facto de algumas localidades estagnarem.
Razões para a diminuição iremos encontrá-las na Guerra de Sucessão de Espanha, em que vários soldados covilhanenses morreram ou ficaram prisioneiros como revelam os livros paroquiais nos seus registos de óbitos. A ausência, por vários anos, nos teatros de luta dos jovens em idade casadoira alterou o índice de nupcialidade.
Acresce a isso o movimento migratório. O Eldorado americano, com as promessa de enriquecimento fácil nas Minas Gerais, levaria muitos a tentarem o caminho do Brasil. Os menos corajosos ficariam por Lisboa, onde não lhes faltaria trabalho nas sumptuosas obras de D. João V. Também não será de desprezar o movimento da população judaica que neste princípio de século foi bastante incomodada pelo Santo Ofício, optando muitos por fugir para outros países europeus.
Com o governo pombalino e o impulso dado aos lanifícios da Covilhã, que reequiparam o exército em fardamentos na reforma empreendida pelo conde de Lippe, equilibrou-se o movimento demográfico.


Inquéritos Pombalinos (continuação)




Por Gabriel dos Santos




Se individualizarmos estas operações para o concelho (quadro 8) acharemos os números aproximados da população concelhia.
Só usamos o índice 4,2 quando a sua aplicação iria diminuir os moradores efectivos (nos casos em que a cobertura habitantes/fogos era superior a 4,2). O Tortosendo foi excepção.
Supondo que a diferença populacional corresponde às crianças com menos de sete anos verificamos que o Barco, Dominguiso, Ourondo e S. João do Hospital se salientam por uma percentagem anormalmente baixa. Outras freguesias se aproximam da média concelhia e há aquelas que revelam ter uma população bastante jovem. É preciso frisar que a percentagem de aumento está indexada aos moradores indicados pelos párocos. Caso se indexasse à suposta população o índice de juventude seria menor.
Note-se que no Censo de 1878 15,6 % da população tinha menos de cinco anos e a menor de nove atingia os 24,8 %.
Mesmo em 1950 a população ainda se mantinha, se não tão jovem, apreciavelmente juvenil, pois 21,5 % tinha menos de nove anos.
No quadro 9 representamos o comportamento da população concelhia durante o século XVIII.
Anotemos em primeiro lugar a origem dos números.
Os totais para os fins do séc. XVII foram retirados da obra Diocese e Distrito da Guarda[1] - J. Osório da Gama e Castro. Este autor separou Cebola e Sobral que juntei a Casegas em razão de as três actuais freguesias formarem um bloco em 1758.
Gama e Castro afirma que se serviu das listas de desobriga pascal, mas os números revelam-se coincidentes com a Corografia do P.e. António Carvalho publicada em 1708. É natural que os dados coligidos pelo P.e. Carvalho dissessem respeito aos últimos anos do séc. XVII.
Quanto à população de 1734 ela corresponde às respostas que o prior de S. Silvestre concedeu ao primeiro inquérito do P.e. Luís Cardoso. É o que se presume das próprias afirmações do P.e. Manuel Cabral de Pina[2]:
«respondendo a uma ordem do meu Superior para responder a um interrogatorio ácerca das terras, serras, rios ...»
Este censo, como o P.e. Cabral de Pina adverte, não inclui povoações com menos de cinco fogos ou moradores isolados. Assim escaparam a localidade de Trigais e as quintas que, como diria o P.e. Pina, estavam fora do casco da vila. Bouça, com 20 fogos, foi incluída na freguesia de Stª Maria. Idêntico procedimento se seguiu em relação às anexas do Teixoso, Tortosendo, Peso, Paúl, Ourondo e Casegas.
Sarzedo e Verdelhos não aparecem no rol do prior de S. Silvestre.
A grande descida do Paúl em 1734 deve-se à retirada dos fogos de Unhais elevada a freguesia no princípio do século.
A coluna de 1798 foi obtida no Censo de Pina Manique[3].
Como procedera atrás somei a Casegas 67 fogos de Cebola (apesar do Sobral formar freguesia não aparece descriminado) e ao Tortosendo 98 das Cortes do Meio.
Observando o quadro verificamos que houve um decréscimo global na primeira parte do século, embora algumas freguesias tentem combater


[1] - Edição de 1902.
[2] - Manuscrito do Pe. Manuel Cabral de Pina publicado no 1º número de Sentinela da Liberdade, 23-7-1865
[3] - Manuscrito da Biblioteca Nacional, publicado pelo Centro Cultural Português de Paris, 1970, com o nome "A população de Portugal em 1798. O Censo de Pina Manique" e uma introdução do Prof. Dr. Veríssimo Serrão