sábado, 30 de abril de 2011

SOBRALIDADE!

(Sobral, Cabecinho de Cima - 1973)
(Sobral, Cabecinho de Cima - Café do Zé Pires, 1973)

sábado, 23 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Saga do Sanatório… a sua vandalização ou, já agora, a sua (presumível) recuperação! - 2

[Imagens (papel timbrado usado na época) e foto gentilmente cedidas pela Sra. Francelina Alves, filha do então empregado José Francisco de Amorim, falecido em Outubro de 2005 ao qual tardiamente presto a minha homenagem pela sua simpatia e disponibilidade para com os doentes]
Confiro, assim, que a sua saga (pasme-se) começou antes do princípio! Ou seja, antes de exercer a função para a qual foi construído… Uma espécie de pescada que antes de o ser já o era. Conta já com mais anos de abandono do que de vida útil. Não valorizando a sua utilidade no que concerne aos Carnavais do Sr. Pinho e Encontros Nacionais de Motards, nem contabilizando a sua utilidade como suporte de alojamento aos refugiados das antigas colónias, temos: 25 anos de vida útil e 50 anos de abandono. Parece pairar sobre o edifício, um fado triste e trágico... E ele que foi (também) a minha rua, o meu campo de futebol – a minha casa: Dói-me…
O meu campo de futebol, aliás, o nosso campo de futebol, a nossa pista de atletismo, era o corredor do Segundo Andar. Meu, do Tó do Barco, do Zé do Teixoso e do João das Minas de São Domingos (Alentejo) – “os camisolas vermelhas”. O Dr. Júlio de Vasconcelos, médico e chefe do Serviço, para nos conhecer ao longe e de imediato nos identificar, em face duma qualquer tropelia que individualmente ou em grupo fizéssemos, comprou-nos camisolas de gola alta e vermelhas: “foram os camisolas-vermelhas” e lá vinha o castigo. Proibidos de ver televisão ou cinema, de ler o Cavaleiro Andante ou de frequentar a biblioteca, conforme a gravidade do acto. Na cantina, também naquele andar, nunca podíamos entrar. Ali jogava-se às cartas e bebiam-se bebidas não alcoólicas (já não tenho a certeza se havia por lá alguma cervejita!). Um quarteto de catraios que no início da sua adolescência, esquecidos da dor causada pela separação dos seus familiares, e indiferentes, por enquanto, às “maleitas” que transportavam, sentiam as mesmas necessidades dos demais rapazes saudáveis, seus amigos, que ficaram nas suas Terras de origem: Brincar, correr, jogar futebol, experimentar fumar e perspectivar uma longa caminhada pela vida…
As eleições para a Presidência da República a que se candidatara o General Humberto Delgado tinham ocorrido a 8 de Junho de 1958 ainda davam que falar e assim, naquele granítico edifício onde e eu e o Tó do Barco entramos, pouco tempo depois, no mesmo dia e hora, transferidos do Sanatório Antonino Vaz de Macedo, que funcionava de trás do Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã, onde funcionou há poucos anos o Centro de Doença Mental, aprendemos a ouvir a Rádio Moscovo e a Rádio Portugal Livre. Muitos colegas, adultos nitidamente influenciados pela curta existência da Rádio Pinóquio, gerida pelos doentes com predisposição para esta, ainda, nova forma de comunicar e que, segundo se crê, emitia do 3º. Andar e que terá deixado de funcionar por razões profilácticas, tinham aparelhos de rádio e outros galena (rádio construído artesanalmente com relativa facilidade) com compridíssimas antenas exteriores com uma das extremidades fixa nas diversas argolas de ferro que abundavam na parede entre o 2º e 3º. Andares e outra nas árvores de fronte do Sanatório.
(continua)

A Saga do Sanatório… a sua vandalização ou, já agora, a sua (presumível) recuperação! (1)

No dia 28 de Maio de 1940, publicava o Jornal a Voz (afecto ao regime), numa página dedicada à Covilhã, Idanha-a-Nova e Belmonte, num artigo titulado por “A Cidade-Fabrica” o seguinte: “O Sanatório Ferroviário Todavia, construído na Serra encontra-se há anos concluido e abandonado aos cuidados dum guarda um magestoso sanatório (talvez o melhor e mais rico do país) porque, segundo se afirma, é tão completa e perfeita a sua instalação, que se torna práticamente impossível explorá-la no sentido comercial, e, certamente muito menos ainda, por intermédio da Caixa de Reformas e Pensões do pessoal ferroviário do Estado, que o instituiu ou teve que aceitar como herança de determinado acto da Administração Central, daqueles antigos serviços do Estado. O certo é que se consumiram ali dez mil contos, como nos informaram, e o edifício continua abandonado sem nenhuma utilidade. Ora entre os vários alvitres, que tenho ouvido, no proposito de remediar uma tão grande falta, um há que se afigurou ao espirito de todos os covilhanenses única solução para o caso, e que, de certa maneira seria mais um elemento de valorização e progresso para tão nobre terra. Nada mais fácil se, como é natural, não surgirem as costumadas peias burocráticas O Estado mercê de qualquer operação, cuja modalidade não interessa, mas sempre seria fácil de efectivar, por intermedio da Fundação Nacional para a alegria do Trabalho, ou até, por qualquer arranjo com a Camara Municipal, por intermedio da sua repartição de Turismo, sem encargos materiais, para uma ou para outra. Obtinha a posse do edifício do Sanatório se é que a não tem, e destinava-o obrigatoriamente às Colónias de Férias de Cura ou de Repouso, dos trabalhadores integrados na Organização Corporativa. Este hipótese, que parece extraordinária e ousada, coaduna-se, cremos, com o mais ponderado bom senso e com uma aprofundada analise da situação. Receitas para a manutenção de tão útil como necessario empreendimento, como obtê-los? – pode-se perguntar – Muito facilmente. Bastaria que os Sindicatos Nacionais superiormente autorizados e aconselhados acarinhassem a ideia e fizessem dela uma causa própria sua. Os doentes teriam ali o seu periodo de restabelecimento e os convalescentes ou fatigados, repouso e distracção tão necessários no retempero das sua forças físicas e ao incitamento à faina nos restantes meses do ano. Talvez mesmo só assim se possa tirar utilidade dos periodos obrigatorios de ferias, que a lei estatuiu. Porque a ideia é generosa e humana. “A Voz” a acarinha. Logo que possamos voltaremos ao assunto.”
(continua)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bem-hajas, Professor,

Alguém escreveu que a vida é tão tramada que ninguém sai dela vivo. Mesmo sendo assim, a morte duma pessoa amiga, que merece o nosso respeito, simpatia e amizade, deixa-nos sempre o sentimento de que fomos traídos. O professor Daniel foi também um dos pilares onde, no meu percurso de vida, me apoiei para moldar o meu saber. Já com os meus 21/22 anos, no ano lectivo de 1966/1967, bati à sua porta (e do Padre Rey Barata), quando decidi propor-me ao exame (ad-hoc) do então 1º. Ciclo, no Liceu da Covilhã. Franquearam a porta tão empenhadamente que mercê da classificação obtida fiquei dispensado da prova oral. E ele, professor, amigo e solidário, terá ficado tão contente que me ofereceu 2 discos (singles) um do Rafael, cantor espanhol, e outro dos Rolling stones que, ainda, guardo religiosamente.
Foi também amigo e companheiro de estrada do meu Pai e, juntos, enquanto membros da Junta de Freguesia, travaram, em prol do progresso do Sobral, algumas pequenas-grandes batalhas.
Ao professor Daniel manifesto aqui o preito da minha gratidão e à família, esposa e filhos, as minhas sentidas condolências.