sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O LHC (Large Hadron Collider)

O LHC (Large Hadron Collider), bicho que custou 9.000 milhões de dólares, é o maior instrumento científico do mundo. Alguém o pôs a pensar que podia partir em busca da “partícula de Deus” acaba de dar o berro. Será que foi um rasteira da “partícula de Deus” ?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

XISTOSIDADE - 3

(Foto de Yvette Meyers)

XISTOSIDADE - 2

(Fotos de Yvette Meyers)

XISTOSIDADE…

(Fotos de Yvette Meyers)
Como é sabido a nossa aldeia, o Sobral, durante anos e anos, aproveitou natural e sabiamente a matéria-prima que tinha à sua disposição para construir as suas casas – o xisto. E na sequência do Homem ter aprendido a domesticar os animais (para seu conforto e subsistência) construi-lhes também as casas – os currais; (nos palheiros guardava-lhes a comida: o feno, a folha e as canas do milho), sempre com a mesma matéria-prima – o xisto. Em suma, poderemos dizer que no Sobral, na construção, se podia (e pode) utilizar o “xisto integral”: As paredes, as soleiras, as pavieiras, os peitoris das janelas e o telhado. Ora, perante esta “xistosidade” quase poderemos (ousar) perguntar porque razão o Sobral não integrou a Rede das Aldeias do Xisto? Ou o Xisto não foi um dos requisitos considerados válidos para pertencer ao grupo? É, contudo, reconfortante verificar que os turistas nacionais e estrangeiros apreciam, gostam, e amiúdas vezes com o seu olhar atento registam belas imagens dos (re)cantos e dos encantos Sobralenses! As imagens que se seguem são produto desse olhar atento de D. Yvette Meyers, esposa do nosso conterrâneo António Paiva.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

EU PORÉM INSISTO NO SILÊNCIO DOS CORPOS

e é como se despreocupadamente sugasse o sangue ou pus de uma ferida aberta no peito. necessariamente aspirasse o fumo de um cigarro, de um cigarro qualquer, o fumo a principal razão é o fumo. depois ficasse para aqui a compreender tudo. absolutamente tudo no silêncio. até à última gota de sangue ou veneno. entrar na memória das coisas e narrar-lhes a história. demasiado longa. demasiado gasta. é pois preferível reflectir, passear a memória abertamente pelos anos. depois pegar num pincel. nervosamente introduzi-lo na tinta. mexer. remexer. até a força da cor percorrer com urgência o braço. então fazê-lo deslizar firmemente na tela. com raiva. com ódio, com emoção até. delinear um corpo. uma vida. uma história que será diferente por ser uma história pintada. sem palavras. onde os braços levantados são o próprio grito da esperança. uma esperança na tela. num traço. numa cor qualquer. vermelha ou preta. pouco importa. importa sim que o acto continue. que de aqui a pouco tudo esteja transformado num quadro. num quadro vivo. feito de silêncio. por isso insisto em mim. no próprio esquecimento das horas. de tudo quanto me rodeia e me ambienta. sei que não devo fazê-lo. mas agora é-me absolutamente necessário. daqui a pouco será uma história a desempenhar o seu papel. a insistir nos outros. a criar uma mensagem nova. eles serão obrigados também a insistir. em mim. com calma. depois com agitação. os olhos entrarão na parte inferior do quadro e num mundo complicado de linhas. de superfícies. chocá-los-á. e a principal missão aqui será o choque. por isso desenhei bocas abertas e mãos crispadas. começará então a história feita de um corpo que fala no silêncio. uns pés incrivelmente grandes. descarnados. umas pernas a cair para a terra (por isso finquei duas barras de ferro nos joelhos para poder erguer com firmeza o corpo). o resto do corpo. o peito arqueado mostra abertamente as costelas. também aqui a fome se fez sentir. os braços levantados. dificilmente ligados ao corpo. mas levantados, numa esperança feita de berros. de murros na tela. finalmente a cabeça. totalmente desmistificada. os ossos desenhados um por um. e há ainda dois olhos demasiado grandes. sim demasiados vivos para se prenderem eternamente às coisas. com duas lágrimas de dor. de raiva. de importância. de amor. terminado o quadro num fundo roxo terminou a história. rapidamente dou comigo em cima da cama a pensar por exemplo que seria preferível comunicar pessoalmente tudo isto. ser-me-ia mais fácil. mais eficaz. na impossibilidade de o fazer pintei o meu quadro. o meu drama em silêncio. compreendo agora por que pinto e consequentemente por que escrevo. no entanto podem falar-me de tudo. com berros ou não. contar-me histórias com uma com uma voz de propaganda e com o vocabulário gasto dos vendedores de banha da cobra. eu porém insisto no silêncio dos corpos.
Por Carlos Ortil
(Publicado no Suplemento Literário "Juvenil" - Diário de Lisboa, em 03 de Março de 1970)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O MEU BANCO E... OS OUTROS!

(Réplica do meu banco)
Naquele tempo, andava, pela aldeia, descalço e, por vezes, não sei porquê as calças esfarrapavam-se! Mas, era dono de um Banco. Feito de cortiça pelo meu avô paterno (que também fazia cortiços para conforto das suas abelhas que habitavam lá para o Vale dos Tortos, Cabeça Sobral e para o Tarrastal). Era um tropeço diziam… Eu, todo concho, chamava-lhe banco de cortiça. E a partir daí comecei a tropeçar noutros bancos... Na escola primária tinha o banco da escola pegado à carteira. Lá por alturas da 4ª. Classe, mais concretamente em 17-07-1957, sentei-me, na Covilhã, num banco de jardim. Vi as árvores altas, relva, o lago com peixes vermelhos e disse-me: Estes da cidade têm muita sorte! Nós, na aldeia não tínhamos banco de jardim. Quando muito, uma pedra, uma soleira da porta, uma escaleira. E lá fui tropeçando, de perto ou de longe, em outros bancos: O banco que compra e vende dinheiro, o que o faz – o emissor, o que dita as regras – o central; o banco das urgências; o banco de sangue; o banco de esperma (pois claro, para espremer); o banco de dados, cujos dados são vendidos para nos entulharem de lixo as caixas do correio); o banco de areia, o banco dos réus. Nestes tempos modernos, para nos tornarem mais felizes, até nos criaram um banco de tempo – para trocarmos umas horas uns com os outros. E para minorar os erros ou vícios do “moderno” liberalismo económico, temos o banco alimentar contra a fome – esperam-nos à saída dos hipermercados e lá vamos contribuindo consoante as nossas posses; E agora para que o bem-estar seja mais amplo, quase perto da felicidade… esta velha Europa (dos ricos) até quer que os trabalhadores utilizem o (seu) banco de horas… E aqui, paro e penso naquela velha máxima daquele cliente que na taberna da Rua do Quelhas, em Lisboa, do alto da sua sabedoria alfacinha dizia quando lhe perguntava se queria sopa: “A sopa é uma aguarela que o rico inventou para dar ao pobre, não quero sopa”. Eu? Desta também não!... (Pelo menos, naquele tempo em que era dono de um banco, não tinha problemas destes… Problemas, problemas… só os do Caderno 1111).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

LHC (Large Hadron Collider)

Fui com as cigarras e venho aqui com o acelerador de partículas. Espero que ele nos deixe inteirinhos …