terça-feira, 10 de julho de 2012

Manuel Francisco Cousinha

Ignoro se o relógio da Torre da Igreja do Sobral é o mesmo adquirido, em 1955, a Manuel Francisco Cousinha, ao tempo, com oficina em Almada. Sendo certo que o mostrador é o mesmo. Sei que este senhor acompanhou a sua instalação. E que era natural de Sobral Magro, concelho de Arganil, relativamente perto de Sobral de São Miguel. Dele se dizia, naquela altura, que enquanto menino e moço, aí pelos seus doze anos, ter feito um relógio, com corcódias (casca do pinheiro bravo), lata, e um chocalho a fazer de sino. Esta façanha tê-la-á feito enquanto pastoreava as cabras. Um dia, o seu pai, ao aproximar-se do palheiro/curral, ouviu o relógio “ a dar” horas, curioso e pensativo, abriu a porta do palheiro e na parede viu dependurado o dito relógio. E, claro, como era hábito, naquele tempo, pensou de imediato em dar uma carga de porrada ao Manel. “Querem lá ver que o raio do garoto roubou o relógio!” E esperou com impaciência a chegada do rapaz. Este, quando se aproximou do palheiro e viu o pai, começou por manter-se â distância e só se aproximou dele depois de argumentar que tinha provas de que não o tinha roubado. Entrou no palheiro, levantou duas faxas de feno e o pai viu ali dezenas de peças não utilizadas na construção da obra. Abraçou o Manel e disse-lhe: “Filho, tu não és deste mundo. O teu mundo vai para lá destas serranias”. E o Manuel Francisco Cousinha, posteriormente ter-se-á fixado em Almada, onde veio a instalar “ A Boa Construtora”.

Há dias, ao fotografar o mostrador, lembrei-me desta história e do tempo em que acompanhei o meu pai, durante a manutenção que fazia mensalmente ao relógio. E para confirmar se a história do Manel, em Sobral Magro, tinha algo de verdade, perguntei ao  Google. A diferença situa-se somente na matéria-prima: “casca de carvalho” ou "casca de pinheiro".



4 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo Antonio,
Ainda conservas na memoria esses tempos am que seguias o teu pai quando ele ia fazer a manutençâo do relogio da torre. Inolvidaveis recordaçôes de outros tempos.

Recordo-me da sua instalaçâo em 1955 e ainda do seu predecessor (o relogio antigo) o qual com a idade, por vezes as cordas se rompiam e la vinham os pesos até ao piso, fazendo um estrondo tremendo la no canto da pia "baptismal", onde todos nos fomos batisados.

Depois de tantos anos subindo as intempérias dos tempos, é de realçar a boa conservaçâo e ainda repetir as horas dia apos dia.

Anónimo disse...

O sistema de batimento das horas actual,creio que electrónico,foi implementado pela Junta de Freguesia no tempo de João Gaspar/Abel e o senhor António Augusto Neves.
Para informação mais precisa um destes sobralenses poderá informar.
fs

sobralfilho disse...

Anónimo,

Lembro-me vagamente desses pesos do relógio, junto da pia baptismal. Commo sabes os pesos do relógio novo eram diferentes. Um deles tinha corda para 8 dias e mais pesados e, olha que se alguma vez caissem, seria o cabo dos trabalhos para o(s) colocar no lugar.

Fs,

A tua informação basta-me.

Anónimo disse...

Caro amigo,

Sou descendente de Sobral Magro e, ao que sei, ainda "da parte" do Manuel Francisco. Segundo narra a minha mãe, os açoites, o Manuel Francisco levou-os mesmo! Só terá parado de os levar quando perguntou ao pai se acreditaria nele caso ele fizesse outro igual na sua presença. E assim o fez.

Cumprmimentos,

SL