sexta-feira, 22 de junho de 2007

NASCI AQUI


Nascer aqui: No Sobral. Era Abril. E aqui tudo era difícil. Até a noite era escura, muito escura, sem lua. E um homem caminha pela rua, vai com pressa. Bate três vezes à porta do Sr. Chico. E responde: “é por causa duma injecção”. “Ah! Já sei”. E lá foram ambos a caminho do futuro. E houve… madrugada. Protestei. E senti o sabor amigo do leite. Corri. Pelos montes, subi, desci, veredas e caminhos. Com o professor José Pereira percorri, a tremer, o alfabeto. O verbo, a escrita. Fui aos pássaros e aos ninhos, aos peixes tomei-lhes o gosto. De pastor andei com quatro companheiras de montes e vales: A Mialva, a Motcha, a Ferreira, a Negra. Das cabras, a Mialva era de longe a mais inteligente. Sabia das couves, das videiras, do zaburro: Foi premiada com um chocalho. Para se perder, sem me perder. Ah! Depois, cresci (ainda cresço). E depois, ainda, o travo amargo da aguardente…
Hoje. Verão. Ando por aqui, até calhar!

Nascer aqui: Subo pela primeira vez ao éter. Com este espaço, neste espaço, subo. Atrevo-me a ir para além de Fernão Capelo Gaivota…
Hoje. Verão. Andarei por aqui, até calhar!

15 comentários:

zef disse...

Este "Nasci aqui" prende não sei ainda bem porquê. São os sons do estábulo, as cores entrevistas dos Montes Crestados? Aquela Mialva...quem a baptizou(baptismo com p é bem bento!) viu-a a nascer antes de o Sol nascer? Mialva há-de ser poema de quem conhece a madrugada!
Fico com o nome e hei-de lembrar-me sempre do que é o zaburro.
Mialva!

Anónimo disse...

Bem-vindo à blogoesfera, filho de sobral. Pois este "Nasci aqui" prende, como diz o Zef, talvez porque proclama o sabor único das coisas inaugurais. E dessas, que são suas, algumas também eu e outros as conhecemos. E já somos poucos.
Longa peregrinação! :)
E um abraço

Anónimo disse...

Parabéns. Um texto bonito. Gostei muito de o ler. Vou tentar passar por aqui mais vezes.

Bolacha

rendadebilros disse...

Que beleza! ( cheguei aqui via avozdaromãzeira e já sabia que me trazia para bons caminhos!)
Boa semana.

Anónimo disse...

Aqui há poeta. O texto tem cor, tem som...Apetece-nos mais. Faça o favor de continuar

Anónimo disse...

Bom dia, pelo site Geovisite , cheguei ao seu blog.Sou descendente de Portugueses com residência na capital do estado de São Paulo - Brasil.Sou voluntário de ajuda com interatividades aos que precisam de ajuda, juntamente com um programa de rádio pela Rádio Eldorado AM de São Paulo.
Muito interessante seu blog e onde podemos estar e apresentar nossos sentimentos. Não deixe de visitar o meu blogspot, e volto a visitar para informar o e-mail de contato.
http://reinaldomenezes.blogspot.com e visite também o site: www.informando.googlepages.com , um site com prestação de serviço.
Sucesso, parabéns e assim vamos se comunicando.
Reinaldo - Brasil

Serranita disse...

Visitei e gostei. Voltarei sempre. Desejo boa subida, sem cansar!

famel disse...

A caminhada tem sempre um começo e vencidos pelo cansaço, por vezes um fim...mas esta tem um sabor especial, uma cor especial...um carinho especial, que concerteza vai fazer desta caminha a amis longa já vista :)
Smp aki p apoiar

Anónimo disse...

Se nascer no Sobral deu esta inspiração esplêndida, então, ainda bem que nasceu!
Sobralfilho, O blog está lindíssimo, parabéns e continue por aqui...muito, muito tempo.

sobralfilho disse...

E continuarei mariita, até calhar...

Anónimo disse...

Caro Sobralfilho,nem foi preciso ires beber á prosa do Alves Redol do Aquilino ou Torga p/ ficar assim inspirado... bastaram as musas da Fozgesteira, Tarrastal, e Rasas para te inspirarem.
E depois as quatro chibitas também te não deviam dar muita lide. Eu também calcorrei essas lombas e outeiros até aos 14, mas além da Miava, Motcha e Negra, tinha também que roçar mato para o curral da Mameleda, Sarenta, Garrida,Pomba, Laranja e Rescadinha. Parabens ...manda mais.

Anónimo disse...

...Já me esquecia da Papalva e Andorinha.

sobralfilho disse...

Virgílio Neves,
De facto as chibitas não me davam muito trabalho. Eu é que lhes dava trabalho, se não comiam a tempo e horas iam direitinho ao curral e sem direito à tchegadela.
Pela escrita daqueles autores passei ao de leve... ou seja "como cão em vinha vindimada".
E naquele tempo, o meu forte era a literatura de cordel...

Anónimo disse...

Sobrlfilho, visitei seu blg gostei a partir de agora visitarei sempre prabens a si, bem como as restantes colabordores,pois apetece sempre ler e conhecer algo da nosa terra. Tambm nsci aí.
Moranguita.

sobralfilho disse...

Ilda,
Fico encantado por visitares este blogue. E serás sempre bem-vinda. Nasci, ainda o xisto, no Sobral, era Rei. E ironicamente habito agora numa Terra firmada no granito. Vai acompanhando o blogue. Do Sobral falarei sempre...