domingo, 19 de agosto de 2007

Conversando com... Laureano Soares


Passei grande parte do dia 10 do corrente mês, em amigável cavaqueira com Laureano Soares, conterrâneo e amigo emigrado no Quebec, Canadá, desde os 18 anos de idade.
As memórias comuns aparentemente difusas avivaram-se com o desfiar da conversa. E assim, revisitamos os lugares, as canadas, os currais e o gado, os poços de água. Sentimos os pés frios na pedra do sapato. Os passos e vozes das mulheres e homens que sachavam o milho. Ouvimos o melro e o rouxinol e fomos à Escola…
Avançamos e falamos de Camões e do Bocage. Paramos! Laureano disse, então, do seu gosto pela poesia clássica que sempre o acompanhou desde a Primária. Gosto que sempre cultivou, apesar da distância, e que culminou com publicação, em Novembro de 2006, no Quebec, do seu primeiro livro de poesia “Rêves Orphelins”, e com a apresentação do seu segundo livro de poesia “Raízes de Ardósia”, escrito de raiz na nossa Língua, que ocorreu no Salão Paroquial, em Sobral de São Miguel. Facto inédito que me apraz louvar e registar. De realçar é também o facto de ter ensinado Português à sua falecida esposa para ambos o poderem ensinar às suas filhas Jessica e Karine, ao contrário de muitos outros que o procuram esquecer, provavelmente motivados por quem, neste País, os empurra para a emigração, lhes fecha as escolas, os consulados e reduz o pessoal das embaixadas.

Movimenta-se com relativo à-vontade no meio cultural do Québec, onde integra um grupo de amigos poetas admiradores do também poeta (falecido) Emile Nelligan. É membro activo do Cercle de Poètes de la Montérégie, da revista de poesia “Le Carquois”. Recita, poesia e participa em festas, serões e encontros literários, frequentemente.

Temos, assim, Laureano Soares, poeta bilingue, afável, com quem apetece conversar, sempre. E como diz, André Freire, no prefácio em “Raízes de Ardósia”, “cidadão de dois países e de dois continentes, Laureano é um exemplo de vitória e de luta que enriquece as nossas existências”.

Nesse dia, 10 de Agosto, em colectivo atravessámos os tempos…

6 comentários:

Serranita disse...

E eu atravessei mais um ano no tempo....Gostei de ler. E reparei que a minha janela está num lugar do peito. Obrigada!

sobralfilho disse...

Serranita,
E atravessarás... muitos mais.
E a janela do teu mundo é:
Um espaço, limpo, airoso – cheio de madrugadas.

famel disse...

Aproveito para acrescentar a este post, o facto das minhas conversas com o poeta Laureano terem enriquecido as imagens que tenho criado na minha mente à volta das gravuras da malhadinha...
Hoje acrescento jovens pastores que na sua infância guardavam por ali o gado e jogavam ao seixo e deixav a sua marca nas pedras...as pedras que hoje "falam" connosco :)

sobralfilho disse...

Famel,
Hei! Juntos havemos de buscar esses pés e a(s) pedra(s)!

Serranita disse...

famel, e o esclarecimento do mistério das 3 covinhas que nos intrigavam tanto! A sugestão que eram usadas no jogo do berlinde andava mais perto da verdade, que a relação entre as covinhas e os astros!:)

Serranita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.