segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Inquéritos Pombalinos (continuação)




Por Gabriel dos Santos




Se individualizarmos estas operações para o concelho (quadro 8) acharemos os números aproximados da população concelhia.
Só usamos o índice 4,2 quando a sua aplicação iria diminuir os moradores efectivos (nos casos em que a cobertura habitantes/fogos era superior a 4,2). O Tortosendo foi excepção.
Supondo que a diferença populacional corresponde às crianças com menos de sete anos verificamos que o Barco, Dominguiso, Ourondo e S. João do Hospital se salientam por uma percentagem anormalmente baixa. Outras freguesias se aproximam da média concelhia e há aquelas que revelam ter uma população bastante jovem. É preciso frisar que a percentagem de aumento está indexada aos moradores indicados pelos párocos. Caso se indexasse à suposta população o índice de juventude seria menor.
Note-se que no Censo de 1878 15,6 % da população tinha menos de cinco anos e a menor de nove atingia os 24,8 %.
Mesmo em 1950 a população ainda se mantinha, se não tão jovem, apreciavelmente juvenil, pois 21,5 % tinha menos de nove anos.
No quadro 9 representamos o comportamento da população concelhia durante o século XVIII.
Anotemos em primeiro lugar a origem dos números.
Os totais para os fins do séc. XVII foram retirados da obra Diocese e Distrito da Guarda[1] - J. Osório da Gama e Castro. Este autor separou Cebola e Sobral que juntei a Casegas em razão de as três actuais freguesias formarem um bloco em 1758.
Gama e Castro afirma que se serviu das listas de desobriga pascal, mas os números revelam-se coincidentes com a Corografia do P.e. António Carvalho publicada em 1708. É natural que os dados coligidos pelo P.e. Carvalho dissessem respeito aos últimos anos do séc. XVII.
Quanto à população de 1734 ela corresponde às respostas que o prior de S. Silvestre concedeu ao primeiro inquérito do P.e. Luís Cardoso. É o que se presume das próprias afirmações do P.e. Manuel Cabral de Pina[2]:
«respondendo a uma ordem do meu Superior para responder a um interrogatorio ácerca das terras, serras, rios ...»
Este censo, como o P.e. Cabral de Pina adverte, não inclui povoações com menos de cinco fogos ou moradores isolados. Assim escaparam a localidade de Trigais e as quintas que, como diria o P.e. Pina, estavam fora do casco da vila. Bouça, com 20 fogos, foi incluída na freguesia de Stª Maria. Idêntico procedimento se seguiu em relação às anexas do Teixoso, Tortosendo, Peso, Paúl, Ourondo e Casegas.
Sarzedo e Verdelhos não aparecem no rol do prior de S. Silvestre.
A grande descida do Paúl em 1734 deve-se à retirada dos fogos de Unhais elevada a freguesia no princípio do século.
A coluna de 1798 foi obtida no Censo de Pina Manique[3].
Como procedera atrás somei a Casegas 67 fogos de Cebola (apesar do Sobral formar freguesia não aparece descriminado) e ao Tortosendo 98 das Cortes do Meio.
Observando o quadro verificamos que houve um decréscimo global na primeira parte do século, embora algumas freguesias tentem combater


[1] - Edição de 1902.
[2] - Manuscrito do Pe. Manuel Cabral de Pina publicado no 1º número de Sentinela da Liberdade, 23-7-1865
[3] - Manuscrito da Biblioteca Nacional, publicado pelo Centro Cultural Português de Paris, 1970, com o nome "A população de Portugal em 1798. O Censo de Pina Manique" e uma introdução do Prof. Dr. Veríssimo Serrão

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