quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Inquéritos Pombalinos - Continuação




Por Gabriel dos Santos

A população era dividida em três estratos: os que recebiam os sacramentos da confissão e comunhão, aqueles que por não terem maturidade para comungar só se confessavam, e os párvulos (no dizer do prior do Teixoso) que não andavam ainda em rol.
Para cumprimento da desobriga pascal as famílias eram arroladas consoante os sacramentos que seus membros tomavam. Desse rol eram excluídos os menores de sete anos, visto ser esta a idade mínima para receber o sacramento da confissão. A comunhão era recebida entre os dez ou doze anos.
Se analisarmos as expressões utilizadas pelos párocos encontraremos uma grande disparidade de informações. Se o prior do Tortosendo discriminou os moradores da sua terra segundo os três grupos atrás indicados, outros houve que se limitaram a dar o total de pessoas não informando se consideravam pessoas quem não recebesse os sacramentos.
Com a designação maiores e menores a confusão aumenta se tivermos em conta o número de moradores por fogo.
Enquanto algumas freguesias ultrapassam o indicador quatro, outras há que ficam muito abaixo (2,5 em Stª Maria, 2,8 na Aldeia do Souto, 2,8 no Teixoso).
Atendendo que a média de pessoas por fogo seria de 4 a 4,5, somos forçados a concluir que, para uns, o termo menores referia-se a quem não tivesse sete anos.
Por isso, no quadro 8 encontramos a população provável aplicando o indicador 4,2 ao número de fogos. Este número foi calculado achando a média das freguesias que ultrapassaram os 3,9 habitantes por fogo.
Não significa que tenhamos encontrado a população real. Terão escapado ao cômputo dos párocos os fogos isolados. Se na Erada o cura incluiu sete fogos dos Trigais - o mesmo acontecendo no Ourondo em relação às Relvas (24), no Paúl para com as Cortes de Baixo (18) ou no Peso -, já o prior do Tortosendo mal refere as Cortes do Meio e o Casal da Serra, nada nos dizendo se incluiu seus moradores no total da freguesia. O Vigário de Stª Maria nem citou a Bouça que no Dicionário publicado em 1752 aparece com 25 fogos.
A discrepância entre a população da vila e a que resulta da soma das suas freguesias só se explica, nos fogos, que houve exclusão das quintas e arrabaldes (fora do casco da vila, diria o P.e. Cabral de Pina . Quanto aos moradores, os párocos estariam pensando em coisas diferentes quando falaram de seus fregueses. É o que veremos no quadro 7.
Se aplicarmos o índice 4,2 aos fogos da vila obteremos 5200 habitantes, ou seja, um aumento de 22 % , percentagem que se aplica para os menores de sete anos do Tortosendo e de S. Martinho. Já os números variam quando aplicados às freguesias: os 5522 ultrapassam em 171 unidades os correspondentes 22 %

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