sábado, 15 de dezembro de 2007

Inquéritos Pombalinos - Continuação





B - CÔNGRUA


Quatro dos curas não prestaram informações sobre os seus rendimentos, remetendo para o prior que os apresentara, responsável pelo seu pagamento.
Com excepção de dois casos em que se completava com produtos da terra (Boidobra, onde recebia 15 alqueires de centeio, 2 de trigo e 2 almudes de vinho; Casegas, com 16,5 alqueires de centeio, 22 de trigo, 2 almudes de vinho, 24 arráteis de cera e um de incenso), a côngrua era paga em numerário, dependente dos rendimentos da igreja. O valor acrescia com o pé de altar, ou seja, o dinheiro que advinha dos baptismos, casamentos e óbitos.
Não se pense que sobraria muito dinheiro. O prior de S. João Mártir queixa-se que, depois de retiradas as despesas da igreja e côngruas das filiais do Dominguiso e Alcaria, pouco restava para seu sustento.
O prior de Stª Maria Madalena tinha de pagar uma pensão de oitenta mil reis a Manuel Henriques da Silva.
O rendimento de S. João do Hospital (500 000 reis) revertia para o comendador de Malta que era obrigado a pagar a côngrua do cura da igreja e outros da mesma comenda.
Curas há cuja côngrua era ajustada com o prior. Assim os curas da Erada e Unhais contratavam com o prior do Paúl. O primeiro ganhava 15 a 20 000 reis. O segundo juntava nove mil reis de pé de altar aos minguados 15000 reis que o prior lhe esportulava.
Os dízimos do Teixoso são divididos em três partes, ficando uma para o Cabido e outra ao comendador Francisco da Silva de Macedo. Da sua terça parte o prior pagava um quarto à Sé Patriarcal.

C - IGREJAS E CAPELAS

A maioria das igrejas concelhias possuía uma só nave. Tinham duas naves as igrejas de Stª Maria e do Ferro. Com três naves apareciam as do Sarzedo e Teixoso.
Variavam desde a simplicidade à maior riqueza de ornatos e relíquias.
Faziam-se notar as relíquias do Stº Lenho em S. Martinho e Stª Maria, sendo estas oferta do infante D. Luís.
No Teixoso veneravam-se as de um dos Mártires de Marrocos, donativo do bispo que então pastoreava a diocese da Guarda, D. Bernardo António de Melo Osório (1742-1774).
Os altares colaterais possuíam as imagens dos santos invocados, além de outras, em vulto ou pintura. Alguns altares andavam fazendo-se de novo: os da igreja do Tortosendo, o das Almas no Teixoso, S. Brás (Paúl) e S. Miguel (S. Pedro da Covilhã).
Na igreja de S. Pedro existia a capela de S. Gonçalo pertencente ao vínculo que então administrava Filipe de Macedo Castelo Branco.
Também a igreja de S. Paulo possuía a capela de S. Martinho, que era da Câmara, administrada pelo P.e. Francisco Correia Xara de Albuquerque, prior de Verdelhos.
No Tortosendo havia uma capela particular, de Nossa Senhora dos Remédios, cujo proprietário era D. Brigida Correia, da Covilhã. Nesta povoação um seu prior antigo, Manuel Miguens do Rio, mandou edificar à sua custa a capela de Nossa Senhora dos Remédios.
O concelho estava salpicado de ermidas, aonde o povo corria em romaria, principalmente depois da Páscoa. O próprio Senado da Câmara, por vetusto voto, ia em romagem às ermidas de Nossa Senhora da Estrela e Nossa Senhora das Luzes.
O santo mais venerado era a Mãe de Jesus, cujo nome se invocava sob 25 denominações. Outra devoção popular era a do Espirito Santo, ao qual se rendia culto em doze locais distintos.
Entre os santos menos conhecidos temos S. Lopo, S. Caetano, S. Gens, S. Jacinto e S. Roque. E se o portuguesíssimo Stº António não tinha muita popularidade (quatro vezes), já o mártir S. Sebastião merece quinze citações.

Por Gabriel dos Santos

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