segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Inquéritos Pombalinos (continuação)




Por Gabriel dos Santos





II - ORGANIZAÇÃO CIVIL

A - DONATÁRIOS


A maioria das povoações pertencia à Coroa, não admitindo outra autoridade além da real.
Eram de donatários particulares as freguesias seguintes:
Boidobra - da abadessa de Lorvão;
Casegas - do comendador do Castelejo, ordem de
Cristo (conde S. Vicente);
Dominguiso - do convento de Stª Cruz de Coimbra;
Sarzedo - do conde de Castelo Melhor.
Não é verdade, como informam da Covilhã, que esta vila não teve outro senhorio particular do infante D. Luís. É verdade que, que após este filho de D. Manuel I, não mais andou arredada da Coroa. Mas já o infante D. Henrique e seus herdeiros haviam possuído o senhorio da Covilhã.
Com a formação do concelho do Fundão a Covilhã viu seu reduzido substancialmente. Dilatado como fora nos primórdios da nacionalidade (ia até ao Tejo) era constituído em 1758 por:
Aldeia do Carvalho, Verdelhos, Sameiro, Aldeia do Mia-to, Aldeia do Souto, Orjais, Teixoso, Caria, Peraboa, Ferro, Boidobra, Tortosendo, Dominguiso, Peso, Pesinho, Vales, Coutada, Barco, Ourondo, Relvas, Casegas, Cebola, Sobral, Unhais-o-Velho, Erada, Trigais, Paúl, Unhais da Serra, Cortes de Baixo, Cortes de Cima, e Bouça.
Mais tarde veio a receber o Sarzedo, mas foram lhe amputadas algumas aldeias: o Sameiro, anexado a Manteigas; Caria, a Belmonte; Unhais-o-Velho, à Pampilhosa da Serra. Recentemente o Pesinho, ao ser anexado a Alcaria, passou a integrar o concelho do Fundão.

B - JUSTIÇA


A décima sexta pergunta do primeiro interrogatório era dedicada à organização judicial do concelho.
Informa a resposta da Covilhã que para esta vila apelavam em tempos antigos as circunvizinhas Seia, Manteigas, Belmonte, Idanha, Castelo Branco, Alpedrinha, Castelo Novo, S. Vicente da Beira, Sarzedas e Pampilhosa.
Como vemos, sua influência ultrapassava os extensos limites traçados no foral de 1186.
Com o decorrer dos séculos, apesar da muita luta das forças vivas covilhanenses, a sua importância territorial diminuiu e o âmbito das suas justiças decresceu, passando o povo a apelar para outros lados.
A Covilhã, integrada na Comarca da Guarda, possuía Juiz de Fora do Geral e dos Órfãos.
As aldeias, embora algumas não respondessem (Ferro e Aldeia do Carvalho) ou remetessem para o genérico «justiças da villa » (Aldeias do Mato e do Souto), tinham Juiz do Povo, a que também chamavam pedâneo Erada, Orjais, Teixoso, Tortosendo) espadano (Dominguiso, Peso, Peraboa), padano (Ourondo, ou pidano (Unhais). Em Verdelhos tomava o nome de juiz de vintena.
Orjais pormenoriza, informando que os juizes governavam com os regedores e outros homens da Ordenança, dita do Acordo. É natural que o governo das outras aldeias seguisse o mesmo modelo. Sarzedo, relicário das suas antigas liberdades, tinha juizes ordinários do cível, procurador e regedores. Só no crime se sujeitava a Valhelhas.


C - CORREIOS


As povoações da parte Norte e arredores da vila serviam-se do correio da Covilhã. As terras situadas a Sul despachavam a correspondência no Fundão.
Unicamente o Paúl mostrava indiferença no uso de um ou outro local.
No Verão o correio chegava à Covilhã ao sábado; no Inverno aparecia no domingo. Saía sexta feira com destino ao Fundão e Castelo Branco. Para a Guarda o estafeta partia às segundas feiras, regressando na quinta.


D - TERRAMOTO


Dia de Todos os Santos de 1755. Lisboa acordou ignorante da catástrofe que, não chegara a manhã a meio, lhe revolveria as entranhas e modificaria a superfície.
Acudiu-se primeiro à premente necessidade de reerguer a capital. Desejou-se, depois, saber os estragos ocorridos em todo o país. Assim se incluiu uma pergunta sobre o assunto no primeiro questionário.
Pouco se faria sentir na região covilhanense o abalo de 1755. A maioria dos párocos omitiu a resposta ou declarou não haver danos na sua freguesia.
Houve derrocadas na capela de Stª Margarida, dos Vales, e na torre maior do castelo da Covilhã. Na vila ficou em perigo de ruir a igreja de S. Bartolomeu.


E- -HOMENS ILUSTRES


Pouco ficamos a saber sobre as pessoas do concelho que sobressaíram pelas suas virtudes, saber ou arte.
Na Covilhã esquecem frei Heitor Pinto, Pêro da Covilhã, os irmãos Faleiro (Rui e Francisco), Mateus Fernandes e tantos outros, mártires no Brasil ou no longínquo Japão.
Curiosamente, só recordam, por mais recentes, pessoas cujo impacto foi menor, não ultrapassando o seu tempo. E o único motivo de glória seria as suas ligações de sangue às famílias importantes na sociedade covilhanense. É o caso dos desembargadores Miguel de Sequeira e Manuel Monteiro de Sande, ou do tenente general João Ferreira Feio.
No convento de Stº António estavam sepultados dezoito religiosos famosos pelas suas virtudes e santidade. Todavia o informante não os acha dignos de serem nomeados.
No convento de S. Francisco vivia frei António de Stª Teresa que se destacava pela sua boa literatura. Quanto aos sepultados na sua igreja salientam dois bispos. Um não oferece dúvida que seria D. Cristóvão de Castro, pastor da Sé egitaniense de 1550 a 1552, filho de um dos alcaides-mores da Covilhã.
Não pode ser verdadeira a referência aos muitos cavaleiros ali enterrados no « seculo, em que felizmente floreceo o sobredito Dom Afonço Henriques». Nesse tempo não existia o convento de S. Francisco[1].
O cura do Dominguiso refere, sem citar o nome, um graduado de capelo em Coimbra.
O cura da Erada não esqueceu o bispo de Portalegre frei Domingos Barata e seu sobrinho frei Gabriel Barata da Guerra, lente em Coimbra.
O Teixoso também marcou presença na Guerra da Sucessão de Espanha com o coronel brigadeiro Manuel Esteves Feio, o governador de Alfaiates Francisco Esteves Florido e o governador de Salvaterra, António da Costa Escudeiro que socorreu com êxito em 1712 a vila de Campo Maior.


III - ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA


A - APRESENTAÇÃO


Estando o concelho integrado no bispado da Guarda, a parte Norte constituiria o arciprestado da Covilhã e o Sul pertenceria ao do Fundão. No entanto, só os curas de Unhais e Barco referiram o seu arciprestado, Fundão.
Onze dos párocos eram apresentados pelo Padroado Real e seis pelo Ordinário.
Os conventos de Stª Cruz de Coimbra e Lorvão apresentavam, respectivamente, o prior de S. João Mártir e o cura da Boidobra. O Cabido egitaniense nomeava o prior de S. Pedro, enquanto o Comendador de Malta, frei Francisco da Silva de Macedo no período em estudo, tinha função idêntica para o cura de S. João do Hospital.
Só duas apresentações pertenciam a leigos. Em Orjais, a João Tristão e Manuel Robalo, alternadamente. E a de Verdelhos. As restantes são feitas pelos priores e vigários nas suas anexas.
O vigário de Stª Maria nomeava na sua igreja um cura (30 mil reis de côngrua), um tesoureiro (25 mil reis) e quatro ecónomos (2400 cada).
A igreja de S. Vicente tinha dois benefícios, antigos priorados. O de S. Lourenço fora empossado no P.e. Luís Paulo Bandeira pelo seu apresentante Filipe de Macedo. Tinha a côngrua de 10 mil reis. O benefício de S. Miguel, onde estava colocado Filipe da Costa, era de nomeação ordinária e rendia 30 mil reis.
[1] - S. Francisco de Assis nasceu em 1182, três anos antes da morte de D. Afonso Henriques. A regra da ordem de S. Francisco foi aprovada pelo papa Honório III a 29-11-1223

13 comentários:

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