sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O MEU RELÓGIO "ROLEX"

O MEU RELÓGIO “rolex”
O meu relógio Rolex ainda não foi e jamais será construído. Seja pelo seu vidro de safira, pelo seu ouro rosa, branco, amarelo, pelos seus diamantes, o relógio anda para aí todo cheio de cagança. Sei que há homens que perdem a cabeça para usarem o Rolex. Cioso da sua precisão, o relógio até é feito para quem não precisa – logo não é preciso! Ele é estanque a umas dezenas de metros de profundidade. Eu não. Perdi-me de amores pelo Bulova Accutron que via através da montra da Ourivesaria Falcão, na Covilhã, nos finais dos anos (19) 60. De desenho bonito e mercê do seu vidro transparente era visível a sua engrenagem mecânica. Mas, não passei da rua. Foi sempre um amor platónico… Por vezes dou comigo a pensar que foi este Bulova Accutron que deu o pontapé de saída para a inovação dessa dúzia (?) de relógios que andam para aí “todos cheios de nove horas” … O meu primeiro relógio foi um Technos Select vindo das Terras de Espanha no tempo em que o escudo reinava sobre a peseta. Antes tinha espatifado, só para lhe ver o mecanismo, um relógio de bolso do meu pai. Sim, tenho também o meu “Rolex”: Será mais um Pautex. Simples. De pau. Quadrado (mas não é a quadratura do círculo). Uma rosa-dos-ventos, com a respectiva agulha magnética – para nos nortear. Um chumbo na ponta do fio-de-prumo para manter a verticalidade do lugar, um vidro toscamente arredondado, os números até 12 em ordem não sequencial e eis “o meu rolex”: Relógio Solar mais do que centenário e de grande precisão desde que haja Sol

4 comentários:

virgilio neves disse...

Sobralfilho parece que tive mais sorte do que tu, pois por essa altura - Julho de 1967 - recebi um Falquina 17 rubis directamente da montra da ourivesaria Falcão (próximo à "praça" da Covilhã) para o meu pulso. Era a prenda prometida pelo exame da 4ª classe.
Até aquele dia, regulava-me em Carvalho pelo sol, onde a sombra na parede de um curral da avesseira dava a "marca" das 3 da tarde e me obrigava ainda pela tchisna a botar as cabras até ao 'strepor do sol.
No Inverno sem sol, nem precisava de relógio porque as cabras só fazia um turno como tu bem te deves lembrar.
Quanto ao "pautex" achei-o muito bem injorcado e gostaria de lhe poder bulir uns momentos.Não ficaria bem no museu do Sobral?

Mariita disse...

Sobralfilho, haverá porventura algum Rolex, ou outro "vaidosão" qualquer que chegue a uma relíquia destas?
Linda a história e de encantar o "namoro" ao relógio através do vidro da montra. Quem do nosso tempo não terá feito isso? Ter um relógio era prenda ambicionada, mas, só com muita sorte se conseguia ter. Com sorte, talvez lá pelo exame da quarta, mas muitas vezes era só final do liceu! Quem não tinha a sorte de continuar os estudos lá tinha de se “orientar”…
Só tive o meu primeiro relógio com 15 anos (que ainda guardo com estimação) e foi-me oferecido pelo meu irmão com o primeiro ordenado que ganhou! Grande irmão!

sobralfilho disse...

Virgílio Neves,

Bem, eu 1959 já tinha o tal relógio de bolso que o meu pai me deu quando comprou um de pulso para ele. E quando me enamorei do Bulova já tinha o Technos Select comprado em Espanha numa ourivesaria.
Quanto ao pautex, não é improvável que lhe possas bulir. Talvez um dia calhe. Ora, quanto ao Museu é uma questão de garantias... Mas. até lá ainda o caruncho me da cabo do relógio...

sobralfilho disse...

Mariita,

Bem, na verdade,os rolex e outros vaidosos têm mais valor: milhares de euros...

Mas o meu pautex para ser uma relíquia. Nos anos (19)80, na Nazaré vi num antiquário dois relógios solares quase iguais ao meu, um pouco mais modernos. Fiz buscas no Google em imagens e não vi nenhum semelhante. Não sei qual a idade do meu. O mais curioso é que já não sei ver as horas...