quarta-feira, 14 de julho de 2010

Ruralidade

Barrocas do Muro Barrocas do Muro vistas do Fojo da Adélia (junto à cerejeira)

10 comentários:

Anónimo disse...

Recordando outro passado, nâo muito longe ainda.

Existem por aì alguns desses palacios como este da Mariita, que se mantêm em pé.

Infelizmente de muitos outros, deles ja so existem ruinas.

Obrigado Sobralfilho pelas belas fotos... por nos fazeres lembrar.

Mariita disse...

O que eu aqui sonhei... e palcos improvisei em cima dessas paredes! No lusco-fusco do final do dia, depois da janta, hora de reza… com a pestana a pesar e eu a desejar que as Ave-marias findassem, para a “sagrada” hora do "conto”: mouras encantadas, princesas de lonjuras ou almocreves, que neste "palácio" me embalavam docemente na cama improvisada dum feixe de palha e uma manta por cima… e se eu dormia! Quando acordava já o Sol alto se erguia, e lá fora me esperava para mais um dia de aventuras. Assim eram muitos dias do “meu” Verão, que guardo para sempre, com a maior ternura, num cantinho do meu coração.

sobralfilho disse...

Anónimo,

E (se puder) continuarei.

sobralfilho disse...

Mariita,

E desse tempo, como que a chamar por ti, uma videira estoicamente resiste... Terás comido os seus gachos ainda orvalhados, com pão centeio. Sob a sua sombra terás comido a merenda.

Terás certamente estado perto do Paraíso!

Manuel Lopes Faustino disse...

Naquele tempo, existiam ali frondosos pinheiros que um dia mais tarde, ingloriamente, o fogo devorou. E, reza a história, que os passantes ali baixavam os seus carregos para descansar das agruras da jornada, enquanto a Ti Ana Bárbara, entre duas impercações às cabras que teimavam ir às couves, um pouco mais abaixo, ia à presa buscar àgua que refrescasse as golas dos cansados viajantes. E conta-se ainda que, de vez em quando, havia espectáculo extra. Descalço, calças pelo meio das canelas e camisa meio fora, meio dentro, um garoto, com os seus 5 anos, era posto num ramo do pinheiro mais próximo e, com uma memória que diziam prodigiosa, fazia «sermões» aos viandantes suspensos de tão magistral sabedoria: «sermões» que mais não eram que o «débito» de «orações» que a minha Avó, Ana Bárbara, me repetia enquanto a «ajudava» a guardar as cabras! E, de menino, ali fui muito feliz! Obrigado Sobrafilho por hoje, muy cerca de El Monasterio de El Escorial (que também tem a ver connosco, porque aqui jaz Felipe II de Espanha, que foi Felipe I de Portugal, me teres supreendido com estas fotos e me teres feito regressar à infância.

Mariita disse...

Por esses tempos, eram mais famosos os teus "sermões" que os do Padre António Vieira! Não me lembro de brincadeiras nossas por lá, e os nossos “destinos” cedo também levaram rumos diferentes, mas certamente só lá estávamos um de cada vez... e chegava para a avó Ana! Porém há uma nesga de imagem tua nas "gavetas" da memória, agarrando com uma mão um ramo do pinheiro e a outra a gesticular... e, imagino, a "assistência" embasbacada com tal prodígio… Olé!

Anónimo disse...

Que lindas recordaçoes de felicidade!!!!!!

De um infância feliz!

Estou convencido que cada um de nos, que vivemos a nossa infância por esses outeiros, todos nos temos algumas dessas magnificas recordaçoes.

Que felicidade, essa de outrora!

virgilio neves disse...

Manel,uns anitos depois os teus (púlpitos)pinheiros serviam p/o Álvaro da tiá 'Spanhola fazer os postes de telefone cujos fios vinham dos carros de linhas que desviava do 'çafaite da costura da mãe. As notícias e cantorias eram de sua autoria e iam do PENEDÃO ATÉ ÁS PRESAS. ISTO SEI pelas nossas conversas (aos 10 anos)até a colada do Valmiguel, ele a caminho do Penedão e eu do Carvalhal.

Manuel Lopes Faustino disse...

Caro Virgilio: e quem disse que nós, nesse tempo, não tinhamos criatividade para construir, com engenho e arte, os nossos próprios entreténs, agora que tudo é uniformizado e produzido às toneladas para as criancinhas não terem muito que pensart (salve-se o já 'velho' lego!)? E assim se faz a história de meninices que se passaram entre serras e vales, pés descalços e broa com queijo corno, quando o havia, mas que a ninguém tiraram a vontade de vencer e «ser alguém»! Onde vemos isso hoje, quando, para pegar no teu exemplo, não raro aos 3 anos os meninos já têm telemóvel? Algum dia poderão imaginar que com duas cascas de noz e um fio se «arremedava» um telefone? Um abraço, e toda a grat~ºao ao Sobalfilho que nos proporciona este espaço de memória(s)!

Fernando Pereira disse...

Embora a vida fosse dificil todos temos boas recordacoes do nosso Sobral, i eu digo que e facil tirar o garoto do Sobral, mas tirar o Sobral do garoto e impossivel