segunda-feira, 14 de março de 2011

SOBRALIDADE, a festa, ou último carro de bois do Sobral

1. A sobralidade estava ali. Viva e actuante. E era uma festa: Um carro de bois, sem bois, parado e livre. A garotada fazia então a festa, deitava os foguetes e apanhava as canas. A alegria era Rainha. Quem não gostava nada, mesmo nada era o dono do carro. O carro era o seu ganha pão. E quando se dava conta da invasão podiam chover pedras. Um fueiro ou, o mais grave, o tiro do carro partido era fundamento para a chuvada. O dono do carro de bois era o Ti-José (clégio). Terá sido o último carro de bois no Sobral? 2. A foto é da segunda metade da década de 1970/1980. E se bem me lembro, um dos garotos era um dos filhos da Sra. Ermelinda; a garota logo atrás do rapaz que está de perfil era filha do Zé do Carro (taxista e Presidente da Junta); as outras garotas eram filhas da Sra. Maria Geraldes. E estava “estacionado” detrás da Sacristia junto duma casa que foi comprada pelo Ti-João (Serrão). Que será feito destes e destas senhoras, nesse dia tão felizes? Constou-me que ainda existem no Sobral restos deste carro de bois.

28 comentários:

Fernando Pinto disse...



Não sei se já pensaste publicar, em livro, as tuas "socio-fotografias" do Sobral. Era um contributo para a história da nossa terra.

Abração

sobralfilho disse...

Eu sei lá, Fernando!

Só sei que "ninguém é profeta na sua Terra..."

(Acrescento que perdi alguns negativos. O que tenho é muito pouco para avançar para um projecto desses)

Um abraço também

F.Paulo disse...

Não sei se serei eu o feliz depositário das rodas e eixo desse famoso carro.Na verdade eu comprei as peças em questão ao Zé Tomé que na altura tinha sido o último a possuir um carro de bois que penso ter comprado a esse senhor que tu mencionas.O resto já não dava para conservar pois estava todo escavacado e eu na altura não tinha espaço físico para o guardar.Mas as peças em questão estão em bom estado para memória futura.

Anónimo disse...

Meu caro amigo Antonio,

Estou completamente de acordo com o Fernando Pinto.

E como tal, ja te mencionei numa mensagem privada, que tu devias publicar um livro dessas maravilhas que possuis.

Como diz o Fernando "seria o teu contributo para a historia da nossa terra"

Vamos là amigo Antonio, mâos à obra!

As filhas da Sra. Maria Geraldes, que indicas na foto, sâo a Irene e a Zita. Sâo umas lindas senhoras e vivem actualmente em Montreal no Canada.

Um abraçâo

Laureano

sobralfilho disse...

Fernando Paulo,
De facto era a informação que eu tinha. Que possuias o rodado do carro, comprado ao meu antigo vizinho José Tomé que por sua vez o tinha comprado ao José Clégio. E assim sendo, não o deixes apodrecer.

(Os carros de bois no Sobral mereciam um trabalho mais a sério e claro feito por um especialista. Tanto quanto sei, eram diferentes dos das outras Terras vizinhas. E no tempo do transporte do sal e de outras mercadorias, pela Via do Sal,o carro era maior e mais robusto. Quando esta estrada deixou de ser usada, em consequência do aparecimento do comboio, o carro de bois passou a ser mais leve e mais pequeno.

É óvio que esse trabalho não é fácil. Documentos escritos não haverá e testemunhos verbais só de pessoas que tenhm mais de 80 anos que tenham ouvido contar aos pais ou avós.

sobralfilho disse...

Laureano,

Não sei porquê. Mas os meus olhos ficaram húmidos, isto de olhar para uma fotografia à distância de mais ou menos 35 anos desafia e pacifica a nossa mente! Que continuem, então, lindas e felizes.

Um abraço

Mariita disse...

Sobralfilho, até é "pecado" que não nos brinde com esse livro. Eu compro e autografado(s)!

zita soares disse...

Eu sou a Zita, filha mais nova do dona Maria Geraldes, filha mais velha da Senhora Maria Braz da Silva. E sou eu, uma das garotas que aparecem nessa foto. Eu estou a esquerda e a minha irma é a mais grande da foto, ela se chama Irene e o rapaz eu penso que é o Victor, sobrinho da tia Evangelina. Hoje vivo em Montréal, Qubec, Canada, como toda a minha familia do lado da minha mae. Estou casada com um rapaz de origem francesa e tenho 3 meninas: a Lydia que tem 9 anos, Ariane 6 e a Coralie 4. Das 3, a Lydia é doida pela musica portuguesa e pela Selecao de futebol. O jogador preferido da Lydia foi o Figo e hoje é o Cristiano Ronaldo. A Ariane é mais francesa e a Coralie ainda nao sabemos. E bom ter visto esta foto e espero ver mais, mas desta vez da minha avo com a burrita dela. Seria maravilhoso de monstrar tudo isto e mais as minhas filhas que tanto gostam de Portugal. Se Deus quiser brevemente irei ai, para que elas veijam onde a mae, as tias e a vovo (nome que elas deram a minha mae, mesmo quando falam francese) nasceram... até breve...

Manuel Faustino disse...

Abençoada diáspora a da Sobralidade. De que o retrato de um carro de bois, velho de décadas e portador de uma história por contar, aqui suscita ecos! Foram fortes os que ficaram. Não o foram menos os que partiram! Importante seria que uns e outros caldeassem as suas experiências e daí saísse uma Sobralidade certamente muito mais rica na diversidade, mas também muito mais unificadora na solidariedade! É disso que a Nossa Terra precisa! É bom passar no Nasci Aqui! Obrigado a quem o mantém, fundado das Raízes!
Manuel Faustino

Anónimo disse...

A outra menina penso que é a filha mais velha do Zé do carro e chama-se Marília.

sobralfilho disse...

zita Soares,

Foi bom saber de ti, que continuas a gostar da nossa Terra e a fazer parte dessa Sobralidade que nos anima. Desejo muitas felicidades para ti e teus familiares.

Da tua avó e da sua burrita não tenho fotografias. Não havendo, naquele tempo, "digitais", umas vezes acabava-se o filme, outras vezes o dinheiro. No entanto, quer no "Nasciaqui", que no blogue do Sobral, haverá sempre lugar a lugares que certamente transportas no imaginário da tua infância!

sobralfilho disse...

Mariita e Manuel Faustino,

Beam-haja pelas vossa palavras.

sobralfilho disse...

Anónimo,
Eu sabia que a outra menina era filha do Zé do Carro. Só não sabia o nome.

Fernando Pinto disse...

Tó,

Vês?! Para que estás à espera? Toca a organizar a publicação do que tens!

Abração

Fernando Pinto

virgilio neves disse...

Já tinha passado por aqui sem deixar "rasto" mas desta vez vou prosear com todo o gosto, incentivado pelos comentários de tantos conterrâneos.
Precisamos mesmo de um livro desses Sobralfilho. Também estarei presente na fila dos autógrafos.
Nas minhas melhores lembranças de infância no Sobral,entram os carros de bois do Ti Joaquim Morgado,Zé Clementino,João Marques(pai de 2 guarda-rios)e Zé Lima, na Rua de baixo-a minha-
e do Ti João Ramos(pai e avô de carteiros)do Caratão,Manuel Silvestre estes 2 foram meus Lavradores),António Gonçalves Ponte/Reboleiro,e os restantes: António Silva,Zé Clégio,Zé Caixa(pai do Francisco,ex-presidente da Junta)João Emídio(pai da Natividade)e João Francisco(Pai da Sara)e ainda os Silvas(Tios do Zé"gordo"Silva)que era entendido em juntas de bois(mesmo só tendo 18 anos e quando eu tinha 10.)
Antes de ir para o Canadá-já quarentão-o carro do Ti Zé Clentino proporcionou "à canalha" da minha rua bons momentos de diversão. A melhor-e mais perigosa- era um garotos montar na ponta do"tiro"e os outro fazerem peso atráz até apontar o tiro ao céu, como se fosse o tubo de um tanque de guerra. Só que às vezes aparecia o dono e nós debandávamos em correria enquanto o tiro descia os 3 metros direitinho ao chão onde estourava com toda o peso estremecendo o cú do garoto que as apanhava todas. Vá lá que nunca foi preciso pagar nenhum prejuízo, mas pouco terá faltado.
Saudações a todos.

Fernando Pinto disse...

Vês?!...
E vai mais um...o Virgílio Neves!

Fernando Pinto

F.Paulo disse...

Estou na fila para o autógrafo e disponível para colaborar com elementos que possam acrescentar algo a essa Sobralidade.

F Pereira disse...

Eu nao estarei na fila para o autografo mas tambem conpro o livro.E algumas fotos antigas que tenho ponho au seu dispor.

sobralfilho disse...

Meus caros amigos,
O meu bem-haja a todos pela vossa simpatia, estímulo e disponibilidade. Mas, embora a ideia não me desagrade não vou, para já, avançar para esse projecto. É do conhecimento de todos nós que neste nosso País quando se quer fazer alguma coisa no plano da Cultura imediatamente se levantam vários obstáculos. À partida, neste caso, temos logo “os direitos de imagem”. Apesar das minhas fotografias terem sido tiradas “em lugares públicos”; haverá sempre alguém a socorrer-se da “hermenêutica jurídica”, poderá haver sempre um Tribunal à espera de nós e mesmo com decisão favorável haverá sempre um advogado pronto a recorrer…

Manuel Faustino disse...

O Sobralfilho acaba de pôr fim ao sonho com um argumento infelzimente irrefutável. Ter-se-á que aguardar muito tempo ainda até que tais direitos caiam no «domínio público» e, mesmo assim, não sei se todos (dos susceptiveis de transmissão) cairão. Não é, directamente, a minha especialidade mas, indirectamente, já intervim em muita «borrasca» a este propósito. Encontrar as pessoas retratadas ou os seus herdeiros, obter as autorizações para publicação, distinguir o que são coisas públicas e coisas privadas para o mesmo efeito, etc., etc., é um trabalho ciclópico que exigiria a constituição de uma equipa multidisciplinar para a apropriada «reconstituição atempada da história». O que, diga-se, não será tarefa fácil. Contentemo-nos, pois, com o que é possível: dar corpo aqui, com retratos como este e outros de igual jaez, corporizar a SOBRALIDADE e, isso sim, por que não, lançar a ideia do 1.º CONGRESSO DA SOBRALIDADE, a realizar no Sobral, dentro de um ou dois anos. De tudo em conjunto talvez possa então sair algo que releve a grandeza da nossa Terra e dela deixe testemunho aos vindouros!
Manuel Faustino

virgilio neves disse...

E que tal uma Grande Exposição Fotográfica nas comemorações do 125º Aniversário do Sobral? Em 2013.

Fernando Pinto disse...

Virgílio,

Boa ideia! Descentralizada!Chegávamos ao Cabecinho (de Cima ou de Baixo) e estava lá a exposição fotográfica desses lugares, à Ponte...e lá estavam as fotografias, ao Adro, à escola...etc, etc. Quem tivesse fotografias, facultava-as à Comissão Organizadora.

Abração

Fernando Pinto

Serranita disse...

Lindo lindo! Tenho uma breve lembrança de ver um carro de bois estacionado algures pelo Sobral. E também de ver os bois passarem. Mas não tenho a certeza se é mesmo uma lembrança, ou se já são influências de ouvir falar e ver fotos.
Que pena não haver livro...Mas pelo menos o Sobralfilho ainda nos permite o contacto com as fotos por este meio.
Parece-me que consigo identificar a Marília. Vou fazer-lhe chegar a foto (o blog)a ver o que nos diz!

Unknown disse...

Obrigado Sobralfilho pelas suas palavras. E bom saber que ainda ha pessoas por ai que se lembram daqueles que partiram para longe. Mesmo se ja deixei o Sobral a 33 anos, nunca esqueci certas pessoas e lugares da minha infancia. E espero estar ai em 2013, para festejar os 125 anos do Sobral com a miha pequena familia. E poder ver quem sabe, amigos como a Marilia e as irmas, que ha muito tempo nao veijo e nem tenho noticias.
Um abraco
Zita

sobralfilho disse...

Caros amigos:
- Manuel Faustino, Virgílio Neves, Fernando Pinto,

Apoio quer a ideia do Congresso da Sobralidade, dentro desse espaço de tempo, quer a exposição fotográfica. No entanto, isso deve acontecer no âmbito da dimensão do blogue do Sobral que deve ser sempre um espaço de união e de (re)encontros dos Sobralenses. Pelo que apelo ao Virgílio que na qualidade de contributor faça a edição da ideia naquele blogue. Penso que esta ideia (Congresso) chegou a ser ventilada nos primórdios do Blogue do Sobral.

Serranita,

Se conseguires contactar a Marília seria óptimo e, penso, que encherias de alegria a Zita. Podiam, assim, mesmo à distância reencontrar-se.

Christophe/Zita,

Pois, a Aldeia Global também tem destas vantagens – encontros virtuais à velocidade dum relâmpago.

Unknown disse...

Obrigado Serranita. Mesmo se nao tenho nenhuma ideia quem é a senhora, voce deve bem me conhecer. E é verdade que eu ficaria feliz e contente de poder encontrar por este meio de comunicacao a Marilia. E porque nao as irmas dela, a Teresa e a Carla Sofia, se nao me engano. Mas sei que a minha avo adorava estas pequenas como se fossem netas dela. Seria bom de comunicar com elas e recordar os bons tempos que passamos juntas com as minhas irmas ha porta da minha avo.
Christophe e Zita

Serranita disse...

Eu enviei via facebook esta foto ao filho mais velho da Marilia, junto com uma mensagem e o endereço do blog. Não sei se foi entregue...

sobralfilho disse...

Ok, Serranita,
Esperemos.