segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Albertine Sarrazin - 2


eu te SONETO
tardiamente


(a Albertine Sarrazin)


“Tu n’es même pas sûre de posséder ta petite
robe ni tes pieds nus dans tes sandales
Ni que tes yeus soient bien à toi, ni même
leur étonnement
Ni cette bouche carnue, ni ces paroles
retenues”
JULES SUPERVIELLE

o resultado da terra no corpo albertine
como se perseguisses uma letra o sol
ou um problema sem música terrível
na exactidão em que se esconde

livre a estrada a cama o alfabeto
o apoio tentas numa escada num silêncio
na cidade seguinte onde os homens belos
defendem as mãos cheias de países

sob um tecto de vento dormes a erva
corre para alcançar os olhos no ar
e na parede o calendário transporta

um corpo igual ao teu a morte técnica
anterior a ti (a nós) mas já numa cidade
os homens preparam os números o calor


(Manuel da Silva Ramos - escritor, publicado no Suplemento do Diário A Capital "Literatura & Arte" em 26/08/1970)

2 comentários:

zef disse...

Sobralfilho, tens de me dizer onde guardas estas coisas...
Um abraço

sobralfilho disse...

Zef, algures na gaveta da coisas arco-da-velha…