domingo, 21 de março de 2010
(Dia mundial da poesia) ENTÃO, QUE AVANCEM: OS POETAS
A PORTA
Alguma coisa fora de mim
está escondida em mim
como um coração exterior
Às vezes canta mesmo a meu lado
com a minha voz
como se tivesse eu cantado
Talvez estas lágrimas
não me pertençam nem este momento
nem este sentimento de este sentimento
Que rosto real
me olha e se vê?
Que porta física
tenho que passar?
(Manuel António Pina, “poesia reunida”, ed. Assírio & Alvim)
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REZA DA MANHÃ DE MAIO
Senhor, dai-me a inocência dos animais
Para que eu possa beber nesta manhã
A harmonia e a força das coisas naturais.
Apagai a máscara vazia e vã
De humanidade,
Apagai a vaidade,
Para que eu me perca e me dissolva
Na perfeição da manhã
E para que o vento me devolva
A parte de mim que vive
À beira dum jardim que só eu tive.
(Sophia de Mello Breyner Andresen, “Dia do Mar” Ed. Caminho)
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2 comentários:
A combinação perfeita, poesia e música... que mais posso dizer?
E, então, em silêncio:
Lemos e ouvimos.
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